Ricardo Faria
Ricardo Faria
O mês de agosto é repleto de arraiais e festas um pouco por todas as freguesias da região. Machico não é exceção!
Em Machico, no início do mês, realiza-se a mais conhecida e antiga festa de gastronomia da Madeira, a Semana Gastronómica de Machico. Esta semana é já um cartaz instituído nas festas da freguesia, do concelho e da região, a qual já se realiza há trinta e três anos e acontece sempre entre o último fim-de-semana de julho e o primeiro fim-de-semana de agosto. Esta semana gastronómica é organizada desde sempre pela Câmara Municipal de Machico e tem como objetivos, segundo o edital do município, “divulgar a gastronomia regional, particularmente a do Concelho de Machico, e contribuir para a promoção socioeconómica, turística e cultural desta localidade.”
Uma vez mais Machico foi o fundador deste modelo de evento. Hoje em dia já é replicado por outras freguesias da região, como são os casos da Semana Gastronómica de Santana ou a Festa Gastronómica de Santa Cruz. Não deixa de ser interessante que são as capitais dos concelhos vizinhos que utilizam este modelo!
De facto o espaço, a Alameda dos Plátanos, em conjugação com as iguarias típicas oferecidas pelos restaurantes locais, fazem deste um evento único, em particular para os machiquenses e os seus emigrantes, mas também para os madeirenses e turistas em geral. Este evento tem vindo a se demarcar dos restantes ao longo de todos os seus trinta e três anos, o qual teve um grande impulso com a requalificação da frente-mar de Machico bem como com a criação da grande praça do Fórum Machico. Estes espaços criaram ótimas condições, difíceis de encontrar na região para a realização deste tipo de evento, o que veio contribuir de forma decisiva para a sua afirmação.
Depois da Semana Gastronómica, a freguesia vive no final do mês de agosto mais um momento alto, precisamente no último fim-de-semana do mês, a Festa do Santíssimo Sacramento, popularmente conhecida como a “Festa dos Fachos”. Esta tradição tem sido mantida pelo povo de Machico, em articulação com a paróquia local. Nos dias que antecedem a festa, a população contribui com os seus donativos para manter viva a tradição dos “Fachos”, muito apreciada pelos locais e turistas.
Assim, segundo a Diocese do Funchal, todos os anos na véspera da festa do Santíssimo Sacramento são acesos os “Fachos” que o escritor Carlos Cristóvão definiu como “pequenas fogueiras feitas com pinhas, que tiveram origem no tempo das pilhagens dos corsários e que o povo, na sua simplicidade espontânea, acendia e continua a acender, mas em menor quantidade, na festa do Santíssimo Sacramento em Machico, para homenagear o Redentor”.
Nalguns sítios da freguesia de Machico a prática dos “Fachos” começou a dar sinais de inovação, um processo marcado pela substituição das estruturas de madeira por metálicas que permanecem inalteráveis, ano após ano. Esta mudança favorece o trabalho que é todo voluntário. Os “Fachos” são concebidos com recurso a materiais como: arame, pregos, óleo queimado e bolas de algodão. Os “Fachos” representam figuras alegóricas com letras, nomes e desenhos alusivos à festa, colocados nas encostas do magnífico vale de Machico.
Percebendo o legado histórico do evento, a Câmara Municipal de Machico decidiu, e bem, investir cerca de 40 mil euros na realização de um documentário cinematográfico sobre a tradição cultural dos “Fachos”, denominado “Fachos – Uma tradição Secular”, o qual tem por objetivo ficar disponível para ser partilhado pelas futuras gerações de modo a não se perder a sua identidade. Este documentário foi estreado no passado dia 14 de abril e teve como protagonista a população de Machico.
A freguesia de Machico é assim, particularmente no mês de agosto, um local a visitar, por ter efetivamente um conjunto de eventos que a identificam, que orgulham a sua população e surpreendem os seus visitantes.