Ricardo Faria
Ricardo Faria
No meu primeiro artigo neste espaço freguesias.dnoticias.pt, datado de 07/02/2018, refleti sobre a mudança ou não da data da celebração do dia do concelho de Machico, para a qual tinha sido, novamente, aberta a discussão por parte, agora, da Assembleia Municipal de Machico.
Como fiz questão de referir na altura, apesar de ser um tema com a dimensão do concelho, o seu epicentro desenvolve-se na “capital” do mesmo, a freguesia de Machico.
A intenção para a alteração da data remonta aos finais dos anos oitenta, a qual vem sendo acalentada por quase todos os executivos e deputados municipais que têm passado pela autarquia. A última tentativa surgiu há cerca de dez anos, quando o executivo camarário da altura colocou também à discussão das várias entidades do concelho esta proposta. Contudo, percebendo que a mesma, a qual era justificada pela ideia de separar o ato político do religioso, não se encontrava a ser bem aceite pela população e sobretudo pela oposição que agora se encontra no poder, decidiu arquivar o processo.
Ora passados que estão perto de nove meses após a sessão realizada em fevereiro último, não existiu mais nenhum encontro ou sessão, como se queira chamar, para debater o assunto, ao contrário do que foi anunciado. Este facto retratou um tempo de espera que pode ter várias leituras as quais não beneficiam em nada nem o concelho nem a sua população. Se na altura elogiei a forma como foi aberta a discussão sobre um assunto tão sensível a toda a sociedade machiquense, tendo afirmado que a mesma tinha sido uma ação de respeito pela população de Machico, como também uma boa ação de democracia, cabe-me agora questionar o que mudou para que exista todo este tempo de espera, sem que exista discussão ou decisão?
Na celebração do dia do concelho, no passado dia 9 de outubro o Presidente da Assembleia Municipal de Machico referiu-se à alteração como necessária, de modo a valorizar os dois atos, o religioso e o político. No entanto existem questões que ainda se encontram no ar, como sejam qual o dia, sabendo que existem duas datas possíveis 8 de maio ou 2 de julho, ou qual dos atos é acompanhado do feriado municipal?
As datas referidas comportam toda uma história, no entanto o dia que tem sido mais falado para a possível alteração é 8 de maio, por ser o da criação da Capitania de Machico em 1440, a primeira da expansão portuguesa.
A discussão pública sobre a alteração do dia do concelho é muito importante, porque esta não se esgota nos políticos. Esta é uma discussão de uma sociedade, que tem o direito de influenciar os seus políticos para que seja tomada uma decisão que comporte uma maioria da população, bem como que interaja com a geração presente e futura. A decisão, como sabemos, compete única e exclusivamente à Assembleia Municipal. Para isso é necessário que os representantes do povo, neste caso o poder político, assumam a sua palavra e concretizem as suas promessas. O não cumprimento de promessas por parte dos políticos descredibiliza a política, mas sobretudo desonra, neste caso concreto, toda uma população.
Machico é um concelho com muitas virtudes. A maior é sem dúvida a sua população, que ao longo dos anos tem sabido lutar contra as adversidades, fazendo com que o mesmo seja riquíssimo em termos culturais e históricos, sendo uma referência para o todo regional e até mesmo nacional. A caminho dos 600 anos da descoberta da Ilha da Madeira, o qual celebra-se no próximo ano de 2019, e no qual Machico tem um legado enorme, provavelmente seria uma boa altura para que a questão ficasse definida de uma vez por todas!
Parabéns a todos nós machiquenses!