Sónia Gonçalves
Sónia Gonçalves
Hoje vou falar-vos da Quinta Leonor. Conhecem? É um local interessante que merece uma visita.
Esta quinta de estilo madeirense localiza-se no Jardim da Serra e pertenceu, até ao início do Séc. XIX, a João José Sá Machado, 1.º Conde do Carvalhal (1785-1817), sendo depois adquirida pelo Cônsul Henry Veitch, então proprietário da Quinta do Jardim da Serra. Era conhecida como a “Quinta de Baixo”.
Atualmente, é gerida por uma figura que teve e tem um papel muito importante na mais recente freguesia da Madeira: o Professor Manuel Neto, primeiro Presidente da Junta e acérrimo defensor da possibilidade desta localidade ser desanexada do Estreito de Câmara de Lobos. Isto nos anos 80/90, quando um grupo de cidadãos locais começou a esboçar essa possibilidade, que se veio a concretizar a 4 de julho de 1996.
A Quinta Leonor, localizada no Caminho dos Murinhos, sítio do Luzirão, agrega hoje uma pequena escola inativa, a Escola Básica do 1º Ciclo do Jardim da Serra, conhecida como a Escola dos Murinhos. Nesta funciona o Centro de Desenvolvimento e Investigação Sociocultural e Agroflorestal, um espaço que permite a prática experimental de Agricultura Biológica.
Com uma área de quase seis mil metros quadrados, tem sido utilizada para preservar e propagar variedades de árvore de fruto regionais. No local, foi instalado um campo de pés mães de cerejeiras, macieiras e ameixeiras, constituído por mais de 70 variedades.
Desde 2013, um protocolo de colaboração entre a Junta e a Universidade da Madeira (Germancobanco / ISOPLexis) permite a preservação da biodiversidade agrícola e a criação de condições para a realização de estágios profissionais dos formandos do Curso Tecnológico de Agricultura Biológica. No âmbito deste e de outros programas, o centro tem recebido vários estagiários em contexto de formação profissional. Ainda, tem permitido apoiar vários agricultores, acolher sessões informativas e dar formações específicas sobre a variedade de frutos e os diferentes processos e técnicas sobre sementes de trigo, cevada, centeio, favas e temocilha; replantação de cerejas; plantação de inhame; assim como dicas sobre compostagem, rega e enxertia; informações sobre o controlo de pragas, etc.
Contudo, o projeto ainda é embrionário. Tem muito potencial, sobretudo se a Câmara Municipal de Câmara de Lobos concretizar o investimento previsto.
Entretanto, imagino já a propriedade devidamente recuperada. Todos os traços originais que restaram da primeira intervenção intactos e a casa, toda ela, reparada com bom gosto. Os quintais também impecáveis. Uma casa de chá e uma esplanada. Uma agradável atração turística, com uma diversidade de plantas e, porque não, um percurso que permita observar as árvores e perceber o processo de plantação e colheita do trigo, centeio, cevada, etc…