Sandra Araújo
Sandra Araújo
O tempo passou por ela… anos seguidos e ela ali quase esquecida. Bem, quase esquecida pensava ela, porque, de ora em vez, olhavam-a e imaginavam quantas histórias teria ali escondidas para contar.
Quantos noivos vira a passar por si… quantas lágrimas segurou nos dias de tristeza e despedida. Ela estava sempre ali… quieta. Só fazia barulho quando alguém se lembrava de a ir “visitar”!
Não se lembrava ao certo do seu ano de nascimento, mas ali estava ela quietinha… chegou a achar que muitos passavam por si e nem a notavam ali há anos… Talvez porque a sua cor foi mudando com o passar das estações, ora mais fresca ora mais queimada, mas ali permanecia sem se mexer…
Este ano ela teve uma prenda inesperada… acordou com umas redes à sua volta e um aperto no coração. Às tantas ia mudar de lugar… às tantas alguma coisa mudaria nela… respirou fundo… e logo a seguir quase desatou às gargalhadas … aquela água fazia-a ria… sentia umas cócegas aqui e acolá e resistiu para não assustar ninguém com as suas gargalhadas!
Viu a água cair e com ela as cores do tempo… viu a cor da sua mocidade alvinha e fresca…
Ficou encantada quando o solo a veio espreitar pelo meio das nuvens de abril que pairavam no céu daquele planalto… Sentiu-se a corar… mas manteve a altivez de uma fonte.
Alguém a fora visitar naquele dia… a torneira abriu e ela toda contente viu a água a sair cristalina e cantante.
Quem disse que as fontes são tristes?! Elas têm tantas histórias para contar… basta sentarem-se um pouco no seu regaço e no silêncio de uma tarde primaveril deixar os vossos pensamentos florescerem!
Bem-vindos ao Santo da Serra!