Ricardo Catanho
Ricardo Catanho
Maio é o mês da Europa e este ano no dia 26 teremos as eleições para o Parlamento Europeu, Em São Vicente como em qualquer outra freguesia do País as assembleias de voto irão estar abertas a partir das 8h00 e é preciso ir votar naquela ou naquele candidato que achamos melhor servirá e defenderá os nossos interesses nas mais altas instâncias Europeias.
Estas eleições são normalmente pouco concorridas apresentando taxas de abstenção elevadíssimas, tem sido assim, mas será que deve continuar a ser sempre assim?
Nas últimas eleições na freguesia de São Vicente apenas 29,60% dos cidadãos decidiram que seria importante ir votar…
Sou contra o voto obrigatório mas todos e cada um de nós deve ter a consciência que não é bom os outros decidirem por nós, com o 25 de Abril tivemos a oportunidade única de darmos a nossa opinião sobre os destinos da nossa terra e são bem poucas situações nas nossas vidas onde todos somos iguais, uma pessoa um voto.
Compreendo o raciocínio de alguém que vive em São Vicente e coloca a si a questão, porquê irei votar para eleger gente para um parlamento em Bruxelas que fica a milhares de Km da minha terra?
Eles vão fazer o quê por mim? Aquilo é tudo farinha do mesmo saco entre outros impropérios que se vão dizendo sobre o Parlamento Europeu.
Não votar também é uma forma de votar, até porque não votar é uma forma de se manifestar livre e democraticamente, mas já que temos essa possibilidade porquê deixar que sejam outros a escolher por nós?
As eleições Europeias são importantíssimas para uma freguesia rural como São Vicente, é uma injustiça para a Europa não tirarmos apenas um pouco do nosso tempo para também poder escolher a composição do Parlamento Europeu.
Para além de geograficamente sermos parte integrante do continente Europeu as decisões tomadas em Bruxelas são uma constante nas nossas vidas cotidianas, se não vejamos, imaginem que São Vicente não tivesse recebido nenhuma subvenção Europeia, como seria a nossa freguesia sem os milhões de euros que vieram a fundo perdido para a construção de estradas regionais, estradas agrícolas, edifícios públicos, entre outros…
Como estaria a nossa agricultura sem os referidos subsídios?
Pensemos por exemplo na vinha, quantas centenas de milhares de euros chegam da EU para manter esta cultura ainda com alguma pujança, se não houvesse dinheiro europeu esta cultura seria residual, grande percentagem do preço pago por Kg vem da Europa as casas de vinho pagam apenas 0,50€/kg o restante é dinheiro europeu, do Governo Regional é zero, muros, sistemas de rega e estradas agrícolas financiadas a 85%.
Quem plantaria cana-de-açúcar se a Europa não pagasse 60% do valor por Kg, quantas explorações agrícolas existem na nossa freguesia que foram financiadas por fundos Europeus se não de outro modo esses projetos não chegariam a sair da gaveta…
Na educação, na saúde no turismo, reabilitação urbana, a cultura, todas estas estas áreas e muitas outras beneficiam de fundos europeus específicos que sem eles determinadas situações não seriam possíveis. Como podemos constatar a Europa ou o Parlamento Europeu não fica assim tão longe, é uma constante diária nas nossas vidas, o mínimo que podemos fazer é ir votar para retribuir as preciosas ajudas que tem chegado.
Mas nada está garantido, aquilo que se pensa que está como certo pode mudar de um dia para outro, por exemplo, existe uma séria ameaça que a extrema-direita irá ter um resultado histórico nestas eleições há quem diga mesmo que podem chegar até ter maioria no Parlamento, se isso acontecer como é que acham que vão continuar as subvenções para países periféricos como Portugal que ainda por cima não somos contribuintes líquidos da EU embora contribuamos para o crescimento da sua economia…
A culpa das grandes taxas de abstenção nestas eleições é de todos, mas os políticos têm grandes responsabilidades, porque existe muito aquela ideia peregrina por cá de que quem gere o dinheiro vindo da Europa é dono e isso está mal, muito mal.
Deveria começar pelo Governo Regional e no nosso caso em São Vicente, quando cá viesse o Secretário Regional da Agricultura e Pescas que dissesse a verdade sobre a origem do dinheiro e porquê possível fazer pagamentos para projetos e produtos agrícolas, que dissesse que o governo não entra com nada, que o dinheiro que está a distribuir a grande fatia vem da Europa e o restante é o valor do produto, quando um presidente de câmara inaugura, por exemplo uma estrada agrícola, dissesse que 85% é financiamento Europeu e que a Câmara participou apenas com 15% do custo total…
Temos essa obrigação e dever moral de despertar e elucidar consciências e que cada vez tenhamos uma Europa mais unida e coesa e que São Vicente seja também parte ativa dessa coesão.