Paula Noite
Paula Noite
Poderia este ser o slogan dum partido qualquer. Mas não. Tanto que, para muitos, a relação com a política (por razões diversas) tem vindo a deteriorar-se, correndo o risco de culminar num divórcio….
Fazer o futuro, passa também e sobretudo, por repensarmos as pessoas e as relações.
Cada vez menos olhamos para o outro. Somamos centenas de amigos nas redes sociais, falamos com todos eles. Diariamente com quantas pessoas conversamos? Quantas nos respondem ao bom dia com um sorriso? Quantas nos pedem amizade na rede social e no dia a dia tratam-nos como estranhos?
Marcamos jantares de família, café com os amigos.
Sentámo-nos à mesa com o telemóvel na mão (registar o momento e partilhar!), controlando os likes recebidos com um sorriso rasgado de satisfação.
E continuamos on line, não vamos perder o último post.
E decorre aquela reunião familiar ou de amigos, num silêncio quase total.
– Quando é o próximo encontro?
E decidem, no momento, por unanimidade, o momento em que, uma vez mais, se encontrarão.
E continuamos nesta onda, talvez cool, como lhe chamariam muitos, em que desfilamos uns ao lado dos outros. Sem um olá, sem um sorriso.
A visita aos avós (muitos deles sem competências digitais) é no fim de semana. Ficam os netos sentados no sofá, uma vez mais, telemóvel na mão. Na sala paira um silêncio ensurdecedor.
No final despedem-se com um abraço rápido, abrindo a mensagem recebida naquele momento.
As emoções, hoje, não nos acompanham da mesma forma. A sua magia não tem o mesmo envolvimento.
Viver esta era? Sim, sem dúvida!
Conscientes da importância do digital, da internet das coisas, não esquecendo a pessoa, as relações e as emoções.
Fazer o futuro passa pois por várias dimensões. Mas a dimensão humana será, sem dúvida, a primeira, para podermos abraçar o mundo e as pessoas.