Ricardo Faria
Ricardo Faria
O meu artigo deste mês vai para além das fronteiras da freguesia de Machico, indo ao encontro da porta de entrada do concelho de Machico pelo lado sul, a bela freguesia de Água Pena.
A freguesia de Água de Pena ficou conhecida por lá ter sido erguida a primeira Cidade Turística do País, o Complexo Turístico da Matur, o qual representou uma inovação no contexto hoteleiro regional e nacional, nos anos setenta e oitenta do século passado. Devido à ampliação do Aeroporto Internacional da Madeira, no final do século passado, o Hotel do complexo teve de ser demolido, tendo sido também a primeira implosão realizada no país, o que levou ao desmoronar do restante complexo, afetando profundamente a economia da freguesia e do concelho de Machico.
Após a ampliação do aeroporto foi efetuado um forte investimento público na freguesia com a concretização do Parque Desportivo de Água de Pena, o qual foi um projeto arrojado que tinha como objetivo a criação de uma vasta zona lúdico-desportiva destinada essencialmente ao desporto, mas também com uma vertente mais pluridisciplinar, ligada ao lazer e para todas as idades. No entanto passados 13 anos após a sua abertura o parque apresenta vários problemas, os quais colocam em causa o objetivo para o qual foi construído. A própria freguesia foi perdendo ainda mais a chama de então tornando-se num local em que muitos não davam nada por ela.
Mas nos últimos tempos um grupo de jovens empreendedores tem vindo a apostar na freguesia, abrindo áreas de negócio que vão desde a restauração, à animação noturna, à reparação automóvel, à estética e ao próprio desporto, o que tem vindo a dar outra vida à pacata freguesia, como também tem contribuindo para a criação de emprego tão necessária nos tempos de hoje.
A freguesia com isso tem ganho outro dinamismo e o próprio Parque Desportivo de Água de Pena, assim como o antigo edifício do Centro Comercial do Complexo da Matur, têm vindo a ganhar vida, coisa que muitos já davam como empreendimentos mortos!
Este dinamismo criado por jovens empreendedores capazes de enfrentar o risco com atitudes pró-ativas em prol da freguesia e do concelho merecem um aplauso, mas mais do que isso merecem os devidos apoios e o devido reconhecimento das entidades públicas, quer municipais como regionais, isto porque são estes que têm impulsionado a economia da pequena freguesia, criando postos de trabalho e gerando riqueza.
O exemplo destes jovens empreendedores deve, na minha opinião, ser seguido também pelas entidades públicas com a criação de um balcão do empreendedor, a exemplo de outras localidades, no sentido de estimular a modernização, promover medidas de dinamização do tecido empresarial e facilitar o acesso rápido e eficiente à informação e ao desenvolvimento das empresas, para que outros jovens sigam o mesmo caminho, replicando nas restantes freguesias.
A dinamização da economia e a criação de emprego são indissociáveis do comércio local e das empresas sediadas no concelho e nas freguesias, e por isso o trabalho tem que ser em rede e em contato direto com os empreendedores como forma de vitalizar o local, como é exemplo do que se encontra a acontecer na freguesia de Água de Pena, pela mão de um grupo de jovens empreendedores.
A este grupo de jovens empreendedores a estrofe escrita pelo poeta castelhano António Macedo, no livro “Campos de Castilla”, parece-me ideal para descrever a atitude demonstrada: “O caminho faz-se caminhando”!
A todos votos de muito sucesso.