Primeiro foi a situação pandémica que vivemos que me fez hesitar, depois algum receio natural de conduzir naquelas condições… Nevou mais uma vez na Boca da Corrida e eu não fui ver a neve.
Não foi a primeira vez. Às vezes porque não me apetecia, outras porque não tinha companhia. Já aconteceu vestir rapidamente o quispo e ir até às zonas mais altas do Jardim da Serra, só para ver o manto branco que se formava. Até houve dias em que subi imaginando a queda de flocos românticos, como via nos filmes… Mas nunca vi propriamente neve a cair. Fiquei-me pelo granizo, pedras de gelo enormes que até magoavam.
Nasci em Caracas, na Venezuela, país tropical, pelo que ver nevar foi sempre um desejo que infelizmente nunca consegui concretizar.
Parece que é a minha sina. Quando estudei em Lisboa, organizei várias vezes passeios até à Serra da Estrela, de propósito, para assistir à queda de neve. O senhor do café, que servia o melhor chocolate quente do Mundo, dizia-me: “A menina não tem sorte. Ainda ontem caiu muita neve”. Era sempre ontem ou no dia seguinte…
E foi assim noutros países. Embora nas férias nunca me tenha sentido atraída por destinos de neve, é um facto.
Mas desta vez parece que perdi um espetáculo singular. Devia ter ido à Boca da Corrida!
Através das redes sociais, chegaram-me algumas imagens deveras singulares, que me levaram rapidamente ao arrependimento.
“Fui ver a neve, mas já tinha derretido quase tudo!”, comentaram-me. Ainda estava a ponderar, mas percebi que devia ter sido mais rápida. Até porque não havia ainda recolher obrigatório…
Para o ano, vou de certeza! Se nevar… e se o cenário se afigurar melhor, sem todas estas restrições. Quem sabe, não poderemos ir em grupo, ao sabor da liberdade?
Sónia Gonçalves