Vem esta crónica a propósito de no dia 19 de novembro se cumprirem 100 anos sobre a chegada à Madeira do ex-imperador Carlos d’Áustria. Sobre a sua estadia na Madeira, gostaria de destacar aqui o papel do Cónego António Homem de Gouveia. Nascido na Ponta do Pargo a 15 dezembro de 1869, morreu no Funchal a 29 julho de 1961, era filho de António Homem de Gouveia e Josefina Maria de Gouveia. Estudou no Seminário Diocesano onde foi ordenado a 23 de setembro de 1893. Foi sacerdote, exerceu funções em várias paróquias, e foi nomeado cónego da Sé em 1893, exercendo também funções junto da Diocese. Era considerado um dos sacerdotes mais cultos da diocese do Funchal. Foi eleito à Câmara dos Deputados na legislatura de 1905 a 1906 e de 1906 a 1907. Foi Presidente da Junta Geral do Funchal.
Desempenhou também funções civis, foi professor do Liceu e da Escola Industrial e Comercial do Funchal.
Grande poliglota, falava bem a língua alemã daí ter sido nomeado pelo Bispo do Funchal de então, D. António Manuel Pereira Ribeiro, como capelão dos ex-imperadores Carlos de Áustria e Zita de Bragança e Bourbon-Parma, quando da sua estadia na Madeira, entre novembro de 1921 e abril de 1922, tendo sido um grande amigo e devoto que apoiou bastante a família. Foi o Cónego António Homem de Gouveia que fez a oração fúnebre no funeral do Imperador, exaltando as virtudes do imperador como chefe militar, diplomata, político, chefe de família e crente.
Foi condecorado pela igreja com a Medalha “Proeclesia et Pontífice”, uma das mais altas distinções atribuídas pela Santa Sé.
Em sua memória, a Câmara Municipal da Calheta atribuiu o seu nome ao Largo no Sítio do Salão, atual adro da Igreja e antigo cemitério da freguesia, tendo a placa toponímica sido descerrada no dia 13 de novembro de 1993.
Isabel Gouveia