Fotos Rui Silva/ASPRESS
Na Freguesia da Ponta do Sol, foram poucas as queixas, que ouvimos, sobre a actuação do Governo Regional, da Câmara Municipal ou até da Junta de Freguesia. Também não escutámos elogios. As preocupações, ainda que relacionadas com actuação de tais entidades, foram para as consequências da intensidade do turismo.
No Lugar de Baixo, espontaneamente, a Marina não foi tema. Já a intensidade do trânsito automóvel, em especial ao fim-de-semana, foi queixa repetida. Várias pessoas dizem que, sem tantos carros de turistas, a confusão seria muito menor. Mas nem toda a gente se queixa do intenso fluxo de automóveis com turistas, a maior parte estrangeiros. Para o comércio é bom.
José Manuel dos Santos vende fruta à beira da via expresso e confirma que a maior parte das vendas é feita a turistas. Não tem propriamente queixas sobre o negócio, mas nota que, em 2024, vendia mais.
Sobre o trânsito, a esperança vai para a perspectiva da via rápida, a construir a norte, em túnel e não teme que isso lhe retire clientes no futuro. Diz que quem compra fruta continuará a passar pelo Lugar de Baixo, haja ou não túnel.
No centro da freguesia, que é também do concelho, a praia continua a ser um atractivo, mas o estacionamento não abunda. Algo que é, ainda que não intensamente, controlado pela PSP.
Nesse campo, o do policiamento, somos recordados de que a actual Câmara não conseguiu pôr no terreno a obra para a nova esquadra. Não lhes interessa se a responsabilidade é da autarquia ou de terceiros.
Na Lombada, onde encontrámos quem pense que Célia Pessegueiro volta a ser eleita presidente da Câmara, mas também quem tenha a ‘certeza’ de que será Rui Marques, foi-nos garantido que a questão da esquadra será central na campanha.
No mesmo sítio, em especial, junto à Levada do Moinhos, mas também na Levada Nova, as queixas são outras e concretas. Demasiados turistas, que querem percorrer as levadas, que chegam em carros alugados e que pouco respeito têm pelos residentes.
Teresa Tanque e uma vizinha explicavam que, se se ausentarem de casa para irem às compras, quando regressam já não têm onde parar. Com frequência, os moradores ficam impedidos de entrar na própria casa. “Deveriam construir estacionamento, para não incomodar a população.” Um pedido repetido acima, junto à Levada Nova.
Mais acima, ainda, encontrámos Dolores de Jesus Rodrigues e Leonarda Rodrigues Salgado. À beira da estrada trocavam algumas palavras, numa conversa a que nos juntámos.
As duas, mas com destaque para Dolores, queixam-se de não haver jovens para trabalhar a terra. “Os mais novos não quem trabalhar. Eles dizem que têm no supermercado.”
Uma das razões para isso acontecer, entendem, é que “o Governo dá a quem não trabalha”. As duas lembram a vida de meninas, quando tinham de se levantar às 6 horas para ir apanhar erva para o gado. “Andávamos mais de três horas, com um molhino de erva. Agora, ninguém quer sujar as mãos”.
Mais faladora, Dolores Rodrigues diz, sorrindo, que, quando vê uma jovem com as unhas pintadas, pensa que, antigamente, se estivessem pintadas seria com bosta.
A freguesia da Ponta do Sol tem 4.929 eleitores. Menos do que os 4.417 dos Canhas. Mas os resultados de 2021 demonstram que há mais pessoas a votar na Ponta do Sol do que nos Canhas: 2.772 contra 2.412.
A Madalena do Mar tem 605 eleitores. Votaram 175.
Foto e vídeo Hélder Santos/ASPRESS