Santana ostenta um dos ‘símbolos’ mais conhecidos da Madeira. Não será de estranhar que o centro da cidade seja muito procurado por turistas em busca da imagem perfeita das famosas ‘casinhas de Santana’. De resto, o comércio acolhe quem está de passagem, mas também quem vive nessa freguesia.
Quem habita em Santana diz que está bem servida com multibanco, cafés, supermercado, tem ainda o Parque Temático e agora até o Centro de Saúde tem serviço nocturno de urgências, um anseio de anos da população. O DIÁRIO não se ficou pelo ‘coração da freguesia’, em vésperas do festival A’Norte e rumou pelas estradas menos procuradas.
Foi quando encontrámos Conceição, que aos 70 anos regava o feijão com a água de giro. “Posso falar convosco, mas estou a regar”, diz a mulher que esteve emigrada vários anos em Guernsey. Regressou à terra que a viu nascer mais tarde, depois de trabalhar mais de 60 horas por semana. Quando questionada sobre o que falta em Santana, a freguesa pediu mais atenção na limpeza dos caminhos, estradas e veredas. “Mas já se sabe que não se pode ter tudo. A nível de serviços da Câmara até estamos bem servidos”, admite.
Conceição lamenta que não exista gente que queira trabalhar. “Há campos aí por cultivar, mas não há quem o queira fazer. Mesmo este meu terreno, fui eu que tive de fazer os regos sozinha”, disse ao DIÁRIO.
Continuamos viagem por esta Reserva da Biosfera. No Pico das Pedras só encontramos turistas, que procuram essa zona de lazer, que conta também com zona de acampamentos que, apesar de tudo, estava vazia. A azáfama de carros é grande, principalmente daqueles identificados como sendo de rent-a-car, rumo de trilhos como o Caldeirão Verde.
É então que encontramos Eduardo e Natividade, ambos emigrantes, que decidiram regressar à terra Natal. Ambos dizem que há coisas que se poderia fazer pela freguesia, e até mesmo pelo concelho, mas admitem que “não se pode ter sempre tudo”. “Caminhos por limpar? Há. Mas não se pode pedir que todas as semanas estejam à porta de cada um”, disse Eduardo ao DIÁRIO.
Natividade parece não partilhar da mesma opinião: “Não digo todos os dias. Há veredas muito usadas e que deveriam ser limpas, pelo menos, de dois em dois meses, mas a verdade é que temos de estar sempre a pedir à Junta para o fazer”, disse a moradora na Feiteira do Nuno. “Havia de existir um plano que mostrasse quais os caminhos a serem limpos e com que periodicidade”, disse a mulher, que lamenta igualmente que os donos dos terrenos não sejam notificados para os limpar.
Uma outra lacuna apontada está relacionada com o saneamento básico. Eduardo estima que cerca de metade da freguesia já tenha ligação à rede de esgotos, mas a outra metade ainda aguarda investimento nesse sentido. “É coisas que vão fazendo com tempo e dinheiro”, aponta.
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