A Tabua amanheceu tranquila, com o sol a anunciar mais um dia quente. Pelo caminho, cruzámo-nos com Adriano Dias e, mais adiante, com Estefana Rodrigues. Ambos partilharam algumas necessidades sentidas pela comunidade: um mini-mercado, a instalação de uma caixa multibanco, maior regularidade nos autocarros, melhoria de um caminho de terra e mais rapidez no trânsito.
“Precisávamos que alguém investisse num negóciozinho, como um mini-mercado. Ali em baixo, no centro da Tabua, existe um armazém que dá para desenrascar algumas coisas, como arroz ou massa, mas não é suficiente”, disse Adriano Dias , referindo que, actualmente, as grandes compras obrigam a deslocações até à Ribeira Brava.
Mas mesmo na deslocação, surge um problema, sendo o transporte público outro ponto crítico apontado pelo morador.
“Aqui não passa a ‘camionete’, só na altura da escola e, mesmo assim, vai de manhã e só volta à noite. Isto aqui deveria passar, nem que fosse, três vezes por dia”.
O facto de o serviço deixar de funcionar durante as férias escolares obriga os moradores sem carro, ou com limitações visuais, como é o seu caso, a recorrerem a táxis, muitas vezes a preços elevados.
“Daqui até à Ribeira Brava o custo do táxi é de 10 euros. É caro. Mas, quem quiser, é assim que funciona ou então que vá a pé”.
Fazendo ‘contas à vida’, o que também facilitaria a vida dos residentes da freguesia seria uma caixa multibanco. Adriano Dias até sabe qual seria o local mais indicado.
“Para mim, seria muito bom se colocassem uma caixa multibanco junto ao bar, que fica lá no cimo”.
Um pouco mais acima, encontrámos Estefana Rodrigues. Natural e residente na Tabua, a jovem é outra das moradoras que descreveu a localidade como um lugar agradável para viver.
“Gosto de viver na Tabua. É calminho aqui, é perto de tudo e ainda conseguimos ouvir os passarinhos de manhã”.
Entre os pontos positivos, destaca a melhoria na limpeza dos espaços públicos, uma área que, há alguns anos, deixava a desejar.
“Antes, a vegetação crescia demasiado nas estradas, chegando a roçar nos carros quando passávamos. Agora, talvez devido à proximidade das eleições, a limpeza é feita com maior frequência e a diferença é notória”.
Mas, como em tudo, também há falhas a apontar: “Temos um caminho de terra que vai dar ao Paul da Serra, cujo acesso só é possível com um 4×4. Houve uma altura em que vinham muitos jipes, tipo Safari, mas deixaram de vir, porque a estrada está demasiado esburacada. Recentemente disseram que tinham limpo, mas não sei se é verdade. Seria bom recuperarem o caminho, porque, quando estava em condições, passava muita gente e isso beneficiava o comércio”, sugeriu.
A jovem apontou também o trânsito como uma das maiores dificuldades no acesso à Tabua.
“Entre o Lugar de Baixo e a Ribeira Brava, o trânsito é um problema constante. Muitas vezes, sobretudo nas horas de ponta, é melhor vir pela estrada de cima. O semáforo colocado junto ao Lugar de Baixo é outro ponto crítico: está constantemente a parar os carros. É trânsito, trânsito e mais trânsito… e demoramos meia hora só para vir da Ponta do Sol à Tabua”.
Sobre a freguesia
A freguesia da Tabua foi criada na última metade do século XVI, por volta do ano 1588, existindo um antigo documento relativo a esta paróquia datada de 2 de Julho de 1743 que establece a Curato paroquial.
A partir de 18 de Outubro de 1881, a freguesia este anexada à Ponta do Sol para efeitos administrativos, concelho esse que pertenceu até à criação do concelho da Ribeira Brava em 1914. Situada à beira-mar na costa sudoeste da ilha da Madeira, é a freguesia mais pequena do concelho da Ribeira Brava e é atravessada por uma ribeira que tem origem nas vertentes do Pico das Pedras na direcção norte-sul, que desemboca na sua pequena orla marítima.
Esta freguesia era tradicionalmente conhecida pelo nome ‘Atabua’, nome que ainda hoje lhe é dado pelo povo. Em 1838 o seu nome foi alterado para Tabua pelo Padre António Francisco Drumond e Vasconcelos. O nome ‘Tabua’ deriva de uma planta denominada tabua que abundava por aquela região, utilizada no fabrico de esteiras e fundos de cadeiras.
Leia a reportagem na íntegra na edição impressa desta segunda-feira, 25 de Agosto.