Marco Leça
Marco Leça
A denominação ‘Arco’ proveio da sua morfologia geográfica graças à enseada formada, como se tratasse de um ‘abraço’ de Deus. Pacífico, acolhedor, ameno,… caracteriza esta freguesia onde cresci e vivo. Cada um destes adjectivos comprova a beleza natural de uma terra que, o pouco que oferece proporciona bons momentos e qualidade de vida.
Dividida em 1961 em duas paróquias – Loreto e São Brás, na qual estão retratadas todas as capelas no tecto que outrora enriqueceram as devoções das suas gentes; Freguesia outrora servida pelo transporte de passageiros em barcos costeiros para a única cidade da Madeira – o Funchal, foi em pleno século XXI que assistiu-se a mais desenvolvimentos a nível regional e local. Ao se constatar nos anos não muito longínquos (década de 1990-2000), evidenciou-se um desenvolvimento vincado da nossa ilha, dotando-a de melhores infraestruturas rodoviárias, escolares, culturais e desportivas. Actualmente o Arco da Calheta possui duas escolas, um pavilhão gimnodesportivo, caminhos reais (um recém inaugurado entre as Florenças-Atouguia), pontos de interesse turísticos (miradouros), entre outros.
A verdade é que o tempo, quantificado por unidades universais, dá-nos a sensação de ser cada vez mais célere, fruto de melhores condições de vida. Faz-nos indagar se uma vida chega para fazer tudo o que gostávamos? Creio que não, daí ser importante ter sonhos e ambições centrados ao redor do nosso meio.
No Arco da Calheta, destaca-se o alojamento local, que nestes tempos ‘magros’ tem sido o ganha-pão de muitas famílias; empresas de lazer e entretenimento, com ofertas que exploram os nossos recursos, do mar à serra; todos estes potenciados pelo bom ‘surto’ de turismo que temos experienciado ultimamente.
Sendo esta freguesia a mais populosa do concelho, não se constata a desertificação em massa causada pela crise e observada em alguns pontos do nosso concelho. Os jovens vão fazendo a vida por cá, mostrando o seu valor nas diversas áreas, na esperança de melhores tempos vindouros. Creio que o facto de terem surgido mais oportunidades de trabalho localmente, ajudou à fixação de parte dos mesmos. Muitos procuram emprego nas cidades e nos arredores, sendo possível agora graças à proximidade e transportes existentes, permitindo a sua viabilidade e poupança de custos. Outros aventuram-se fora do país, por opção própria, necessidade ou um destino diferente.
O futuro vai tomando forma naturalmente. O individual passa a familiar. O suor das lides cria a rotina dos nossos residentes que a quebram com a participação em diversas actividades, como a tradicional visita aos presépios locais e celebração do nosso padroeiro São Brás. Todas estas dinamizadas pela Associação Cultural e Desportiva do Arco da Calheta (ACDAC) e Paróquia de São Brás, respectivamente.
É assim que neste mundo frenético deixamos a nossa pegada, cada um da sua maneira e feitio, e no qual nos é exigido o melhor e o máximo; chegamos à nossa ‘terra’ depois do trabalho, respiramos fundo, cumprimentamos os nossos conterrâneos seja num café ou durante uma caminhada, falamos, contam-se histórias/novidades, reforça-se os laços que unem as várias famílias e, por fim, lembramo-nos da nossa sorte em viver neste Refúgio a que chamamos casa.