Parabéns Curral das Freiras!

Isabel Cristina Camacho

A 17 de Março de 1790, por carta Régia de D. Maria I, o Curral das Freiras adquire o estatuto de Paróquia Independente, até então, era parte integrante da freguesia de Santo António. São 228 anos de História.

Falar do Curral das Freiras, é falar do local onde a natureza se manifesta em toda a sua grandeza e esplendor. Começando pelos miradouros da Eira do Serrado e do Paredão, de onde podemos desfrutar de uma vista maravilhosa sobre o Vale, paisagens de cortar a respiração, de onde o nosso olhar pode descer até ao povoado ou então ‘voar’, pelas montanhas mais altas e mais belas da nossa ilha.

Um passeio agradável, será descer pelo “Caminho das Voltas”, uma vereda centenária desde a Eira do Serrado, até ao Curral das Freiras, de onde podemos apreciar todos os sítios do Centro e Sul da Freguesia, sentindo em cada degrau, a História sofrida de um povo, em cada pedra da calçada, certamente, lavada pelo suor e as lágrimas daqueles que durante séculos percorreram estes caminhos transportando às costas a sua produção agrícola, as mercadorias de e para a Cidade do Funchal, os seus doentes e até os turistas, que carregavam em redes.

Sempre fomos um povo marcado pelo sofrimento mas que nunca baixou os braços perante as dificuldades, as montanhas não nos impediram, mas fizeram-nos sonhar cada vez mais alto.

No Centro da Freguesia, a Igreja, datada dos finais do Séc. XVIII, é ponto de visita obrigatório.

Depois de provar as iguarias, típicas, como é o caso da doçaria de castanha, a sopa, o cabrito,  a deliciosa ginja, entre tantas outras, no comércio e restauração local, pode rumar ao lado Norte da freguesia, até quase ao sopé do Pico Ruivo, e ir de encontro ao mais profundo da ruralidade. Aqui se cultivam as terras de forma ancestral, aqui ainda se trata o gado nos palheiros e ainda se coze pão com erva doce, num forno centenário, e ainda se secam as castanhas no caniço (sótão da cozinha a lenha, feito de cana vieira) é fazer uma viagem no tempo até ao passado.

Falar do Curral das Freiras, é falar do local onde a natureza se manifesta em toda a sua grandeza e esplendor. Começando pelos miradouros da Eira do Serrado e do Paredão, de onde podemos desfrutar de uma vista maravilhosa sobre o Vale, paisagens de cortar a respiração…

Depois, ainda a parte Sul, onde as freiras edificaram, a capela a Santo António, e  onde se inicia o percurso sinuoso da levada de S. Martinho, pode ainda ir a banhos, caso o tempo o permita, no famoso poço dos Chefes.

Ou então, para quem aprecia a natureza ou os desportos mais radicais, poderá aventurar-se numa caminhada pelas serras. Alternativas não faltam, percursos que vão desde o Jardim da Serra até Santana, Boaventura e tantos outros. Tantos são os motivos para uma visita a esta terra de encantos!

Falar do Curral das Freiras, é falar de tradição, aqui, mantemos as nossas raízes, quer através do folclore, e as recolhas feitas junto dos mais velhos, quer através da tradição oral, das histórias passadas de geração em geração, através da nossa deliciosa gastronomia ou até mesmo de um léxico próprio que nos caracteriza. Gente simples mas tão hospitaleira, que se mantém fiel às suas origens.

É falar dos emigrantes, tantos são eles, espalhados pela diáspora. Em comum, têm o amor profundo pelas suas origens e onde vão, levam consigo o nome, os costumes da sua terra.

A Religião, é, desde os primórdios das nossas gentes, parte indissociável da nossa História, confundindo-se com esta muitas vezes. Faz parte de nós! Desde o Natal, intensamente vivido,  à Páscoa, os tapetes de flores, às Visitas Pascais, talvez a tradição mais enraizada em família, aos arraiais de Agosto, em que ainda se fazem as famosas romagens, em que participam velhos e novos, revivendo tempos idos. Outra festa de carácter mais profano é a Festa da Castanha, realiza-se a 1 de Novembro e constitui um dos maiores eventos do género, a nível regional.

Falar do Curral das Freiras, é falar do cantinho que amo, onde nasci, cresci e vivo. Em que estão presentes as lembranças de uma infância feliz, brincando pelas fazendas, saltando de poio em poio, jogando ao balamento, ao ferrolho ou ao cocho. Onde se respira o ar puro e o cheiro intenso das flores, das árvores e do alecrim. Onde com as mãos em concha, bebo a frescura da montanha, que escorre num fio límpido, pela rocha de uma nascente.

Tudo isto e muito mais…é o meu, o nosso Curral das Freiras.