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3 Maio, 2018

O senhor padre Sá

29 Março, 2018 às 14:13
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Tânia Sofia Gonçalves

Falar de Santa Maria Maior implica ir ao encontro da amizade, do conforto, da referência, da obra religiosa e cultural criada pelo nosso padre Sá. Gabriel Arcanjo de Sá chegou à Paróquia do Sagrado Coração de Jesus (Boa Nova) há mais de quarenta anos e colocou-se ao serviço dos seus paroquianos, aos crentes e aos pouco crentes, sempre disponível para os ajudar.

Enquanto viveu, esteve sempre junto do seu rebanho, nos últimos tempos, apesar da sua fragilidade e cansaço físico, continuava presente na igreja, no salão paroquial, no adro, entre as pessoas. O seu olhar continuava a espalhar a simpatia e a humildade, sem perder a convicção da sua palavra de conforto. Um homem do seu tempo, sacerdote do povo, que do alto da sua estatura firme e reconfortante acreditava na força do bem. Visitava os doentes e os mais idosos com frequência, não se limitava a ficar dentro da igreja a cumprir a sua devoção junto do altar, era um homem cheio de energia e de ideias novas.

As romagens passaram a ter uma organização diferente, tiveram outra vivacidade, o envolvimento do povo era contagiante, as festas religiosas deixavam a sua marca na freguesia e em todos os visitantes.

As festas importantes da nossa ilha eram as das Paróquias, uma tradição que está a ser recuperada pelos mais novos, embora com contornos mais profanos do que religiosos. A nossa movimentava muita gente, de todos os sítios, na preparação da grande festa. Os paroquianos tinham o hábito de mandar fazer à sua costureira os fatos e vestidos para serem estreados na missa do domingo e mostrá-los na procissão. Cada um dava um pouco de si para que aquele dia fosse inesquecível. O enfeitar dos arredores da igreja era importante, mas o esmero do interior era a devoção total. A sua decoração era feita com as flores mais belas, o altar ficava preenchido, apreciávamos os cheiros e as incontáveis formas de cores naturais, uma espécie de miniatura do jardim botânico.

As excursões à volta da ilha, organizadas pela paróquia, eram momentos de enorme azáfama e alegria. As cantorias preenchiam o ambiente do início ao fim, sem cansaço. “A primavera das flores”; “A maré está cheia”; “A malta lá da frente está a cheirar a aguardente…”, entre outros curiosos despiques. Ansiava sempre que o senhor padre Sá viajasse no meu autocarro da Travessa do Pomar, que era animado por um acordeonista, no entanto, contentava-me com a sua visita, numa das paragens. Levantávamo-nos muito cedo para preparar tudo. O almoço, os bolos, as sandes, o arrumar dos sacos, os casacos por causa do frio do fresquinho da manhã e do cair da noite.

Cheguei a vê-lo a ajeitar um monte de pétalas que se afastara da linha e, numa certa vez, quando uma criança distraída na brincadeira, longe da vista da mãe, passou por cima do tapete antes da procissão, pegou nela ao colo, conversaram uns segundos e, depois, foram ambos corrigir o estrago feito.

Lembro-me de quando ia para a catequese, antes de entrar na sala e me sentar nos bancos frios de madeira, procurar o senhor padre Sá, cumprimentá-lo e ouvir a sua voz paternal cheia de carinho e atenção. Nesse tempo, um dos meus maiores orgulhos foi quando tive o privilégio de ser festeira da Choupana. Percorri as casas da minha zona, durante um ano, pedindo a contribuição monetária para a realização da festa da Capela da Choupana, onde, pela primeira vez, debaixo do olhar atento do senhor padre, li em público, na missa da festa da Nossa Senhora da Assunção.

A sua serenidade era constante, apesar das suas responsabilidades e tarefas, estava sempre disponível para ouvir os outros e auxiliar. A sua pose a filmar os acontecimentos festivos foi uma das suas marcas que me ficaram na memória, aliás, foi a primeira máquina de filmar que vi. Enquanto os paroquianos preparavam os tapetes de flores e estendiam cada pétala no chão, o padre Sá acompanhava a dedicação da sua gente e ia gravando, interrompendo a sua arte, para chamar a atenção, uma indicação ou quando era necessário ajudar em algum momento. Cheguei a vê-lo a ajeitar um monte de pétalas que se afastara da linha e, numa certa vez, quando uma criança distraída na brincadeira, longe da vista da mãe, passou por cima do tapete antes da procissão, pegou nela ao colo, conversaram uns segundos e, depois, foram ambos corrigir o estrago feito. Ao longo de todos estes anos, o tapete de flores que mais se destacou em tamanho, aromas, quantidade e beleza foi o que estenderam para a passagem do Papa João Paulo II em 1991. Memorável.

Bem haja ao senhor padre Sá.

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