Ana Luísa Freitas
Ana Luísa Freitas
Santana sempre despertou interesse e procura de um turismo de qualidade, pela exuberância da natureza envolvente, percursos pedonais integrados na floresta Laurissilva rica em endemismos de fauna e flora, levadas, ribeiras e córregos com margens coloridas por plantas de diferente porte e tonalidade.
O Caldeirão Verde, Caldeirão do inferno, Pico Ruivo são zonas de referência regional, e beleza ímpar muito procuradas. Nas proximidades, existem as casas de abrigo das Queimadas e do Pico das Pedras que com pedido de autorização prévio podem servir de apoio para quem pretenda pernoitar. A tranquilidade e sossego desta região planáltica de um verde intenso, que contrasta com o azul do mar da Reserva Natural da Rocha do Navio, desde há muito atrai amantes da natureza, biólogos, poetas, escritores …
Esta procura inevitavelmente motivou – desde meados do séc. XIX – a criação de infraestruturas para acolher os visitantes que por aqui passavam.
Na Pensão Figueira – uma das primeiras unidades hoteleiras já com certa qualidade criada em Santana- ficou hospedado durante um certo tempo o conhecido escritor, Ferreira de Castro, onde escreveu parte do seu livro Eternidade (1933). Ferreira de Castro (1898-1974) foi também foi um brilhante jornalista, tem uma ficção que enfoca dramaticamente as injustiças sociais. Este escritor esteve na Madeira algum tempo, deprimido pela morte da sua companheira Diana de Liz. A ‘Eternidade’ é um romance que descreve a realidade da Madeira no primeiro terço do séc. XX.
A Pensão Figueira, pertencia ao sr. Adolfo Jervis – figura emblemática da unidade hoteleira- e família. Ainda cheguei a conhecer este senhor, bancário de profissão, amigo do meu pai. Faleceu muito recentemente (2017). Bem disposto, simpático geria aquela residencial movimentada e única na altura. Aqui também serviam refeições. Localizava-se onde está, hoje, a Casa da Cultura.
Anteriormente à pensão Figueira, o sítio de referência para descansar era o antigo Hotel Acciaioli (1850) no sítio do Pico Tanoeiro, uma propriedade da família do Hotel Reid´s Palace. Deste edifício, com um traço arquitetónico interessante – e, localização privilegiada- restam as paredes exteriores em pedra. Foi noticiada publicamente a intenção de investir a curto prazo na reconstrução desta unidade hoteleira, que a concretizar-se seria naturalmente uma mais-valia para o Concelho.
Muito próximo deste hotel em ruínas, encontramos hoje, o Hotel Quinta do Furão e no centro da cidade o Hotel Colmo, que oferecem boas condições de estadia e ainda boa gastronomia. A residencial Curtado, na saída da freguesia, é uma outra opção.
Hoje, onde Ferreira de Castro, escolheu para viver algum tempo, descansar e recuperar uma depressão, para escrever parte da ‘Eternidade´ e sentir-se bem, é uma Reserva Mundial da Biosfera (UNESCO), uma região pacífica, tranquila que preserva o ambiente, costumes, tradições e tem tudo para uma boa estadia!