Rufino Nascimento
Rufino Nascimento
A identidade do primeiro sesmeiro da Madalena do Mar – Henrique Alemão – está envolta em mistério e lenda. Seria Henrique Alemão, misterioso Cavaleiro de Santa Catarina do Monte Sinai, o rei da Polónia e Hungria, Wladyslaw III, derrotado pelos turcos na batalha de Varna?
O tratamento diferenciado, equivalente ao de vice-rei, que lhe era dado à mesa do donatário do Funchal João Gonçalves Zarco, a sua identificação por frades provenientes da Polónia assim como a carta encontrada nos arquivos dos Cavaleiros Teutónicos, com data de 1472 e escrita por Nicolau Floris desde Lisboa («Vladislaus, rex Poloniae et Ungariae vivit in insulis regni Portugaliae»), apontam para a sua provável origem real. A sua morte trágica, profetizada por uma pitonisa búlgara («esse príncipe, se escapa à guerra, morrerá, violentamente, de morte inglória!»), provocada por uma derrocada no Cabo Girão, veio certamente limitar a existência de mais informação.
Mas os mistérios que envolvem a origem da Madalena do Mar não se ficam por aqui: há quem defenda(1), após muitos anos de investigação, que Cristóvão Colombo, o grande descobridor, era o nome falso de Segismundo Henriques, filho do rei Wladyslaw III ou melhor, de Henrique Alemão, podendo por isso concluir-se da sua relação parental com a Madalena do Mar! para confirmar, falta “apenas” um testezinho de ADN. Ficamos a aguardar para então celebrarmos com a devida pompa e circunstância…!
Interrogo-me se esta informação não poderia ser um bom motivo para que a Igreja, com ajuda de uma entidade pública, recuperasse o solar dos Freitas e ali se constituísse um pequeno museu com imagens e sons que nos transportem até … Cristóvão Colombo ou, se preferir, Segismundo Henriques.
Menos misteriosa mas de extasiar, é a beleza natural da Madalena do Mar. Na minha opinião, é do mar que melhor se a pode apreciar. Como diz o povo: “só vendo para crer”.
Aos pintores, fica aqui um desafio: plasmá-la na tela.
Como disse uma amiga francesa: “isto é soberbo, é belo, é imponente e ao mesmo tempo super-relaxante”. Claro que isto se passou em pleno mês de agosto… e estávamos a bordo de uma canoa típica, que eu na altura possuía.
Como alternativa para apreciar a beleza da Madalena, considerando um local de acesso relativamente fácil, penso que será o miradouro dos Moledos.
Bem lá do alto, a visão daquela alongada paisagem verde salpicada de pontos vermelhos e brancos, entalada entre a grandeza do Mar e a imponência da escarpa, regala a vista.
Aquele verde, que cobre os terrenos agricultados, tem, na sua génese, umas ervas gigantes, as Musas. Sobretudo a Musa sapientum mas também alguma paradisíaca! Obrigado Carl Linnaeus por tão distintas designações!
Atualmente, sob o rigor da genética, designam-se por Musa acuminata e balbisiana e seus híbridos.
São os frutos destas ervas gigantes, as bananas, que, ao longo de décadas, asseguram direta ou indiretamente, rendimento à maioria dos seus residentes.
E não é que produção e comercialização da banana também está envolta em alguns mistérios… !
Deixo 2 exemplos entre muitos que poderia aqui expressar: sendo a banana mais facilmente comercializada e de modo muito mais rentável se a parição dos cachos se verificar entre o início de setembro a finais de novembro, porque é que na RAM não se faz como em Canárias que, desde meados da década de noventa, programa a produção?
Outro mistério: sendo a Gesba (empresa que gere o sector da banana) uma EPE (entidade pública empresarial), que opera neste sector primário em regime de monopólio, porque é que se recusa a apresentar contas aos produtores que são quem paga as suas contas?
1: Manuel da Silva Rosa, Eric J Steele. O Mistério Colombo Revelado – 2006. Ésquilo edições e multimédia..