Mariusky Spínola
Mariusky Spínola
A família é sem dúvida um pilar fundamental na educação e no crescimento pessoal de todos nós. Um porto seguro e uma fonte inesgotável de apoio e de valores que nos permitem crescer como cidadão ativo na sociedade.
A família não é apenas lugar de crescimento pessoal, afetos e transmissão de cultura entre gerações, mas sim a nossa primeira comunidade de amor, o nosso lugar de direito, a garantia do princípio do cuidado, da solidariedade, da partilha, da amizade, do companheirismo e do respeito.
Considero-me uma felizarda nesse sentido. Fui criada no seio de uma família onde todos esses valores e princípios foram uma prioridade tanto para mim como para as minhas irmãs e os quais tento passar aos meus filhos.
Um desses valores, a que tanta importância atribuo, é o respeito pelo outro e, consequentemente, o espírito de solidariedade para com quem tem menos do que nós. Independentemente do ponto de vista em que abordarmos o termo “solidariedade”, a sua base será sempre semelhante, ou seja, a solidariedade acontece quando tomamos consciência da interdependência que há entre nós e os nossos semelhantes, resulta das obrigações recíprocas que temos uns com os outros assumindo-se como muito mais do que um envolvimento emocional com a causa, mas pressupondo ações transformadoras de situações menos positivas de outrem.
Dito isto, quis o destino – e não só – que pudesse co-assumir a responsabilidade da Loja Solidária do Caniço, recurso pertencente à Junta de Freguesia local. É nosso objetivo, como elemento fundamental de aplicação de políticas de proteção social, desempenhar um papel fulcral na elaboração e implementação de estratégias de desenvolvimento social integrado e na criação de respostas sociais inovadoras e sustentáveis.
Apostando no envolvimento ativo da comunidade do Caniço, quer através das doações que nos chegam, quer da ajuda voluntária de vários membros da nossa cidade e o envolvimento de parceiros vários, temos conseguido que este projeto “Loja Solidária”, e de uma forma abrangente, apoiar e dar resposta a algumas das necessidades básicas das famílias carenciadas que nos procuram, principalmente a nível de alguns bens essenciais. A “Loja Solidária”, por motivos de espaço e limitações de conservação, incide principalmente e in loco, em ajudas na área da satisfação de alguns cuidados básicos como vestuário e calçado, artigos de puericultura, têxteis de casa – lençóis, cortinas, atoalhados, etc. Apesar disso, recebemos pedidos de apoio para satisfação de outras carências a que muitas vezes conseguimos dar resposta através do apoio social da Junta.
O trabalho que tem sido desenvolvido com muitos dos parceiros locais, oficiais e privados, e a quem estou profundamente agradecida, tem-nos permitido potenciar a criação de respostas a alguns problemas sociais através da rentabilização dos recursos existentes, da articulação entre redes de apoio que nos ajudam a “filtrar” a injusta e pouco equitativa sobreposição de apoios e ainda, possibilitar um melhor planeamento dos serviços e celeridade de respostas, contribuindo assim para a promoção e integração social do indivíduo, família e comunidade, e estimulando ainda a participação ativa que privilegia o trabalho em rede com os parceiros locais.
A título pessoal, este projeto tem-me permitido crescer como pessoa. Por um lado, fez-me tomar consciência de que a “carência” pode assumir tantas formas e feitios e que muitas vezes, a mesma, se encontra camuflada mesmo sob os nossos olhos! Por outro, tem-me permitido ajudar de forma ativa famílias e instituições que precisam de nós como “mediadores” entre os que procuram e os que oferecem. A minha satisfação pessoal prende-se também ao facto de ter visto crescer notoriamente o número de doações, de colaborações, de parcerias e perceber que, com este projeto, estamos a promover um espirito de solidariedade social e comunitário que se reveste no exercício da cidadania e do bem comum e que tem promovido mudanças positivas na perceção das pessoas. Já dizia Madre Teresa de Calcutá “Eu sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele o oceano seria menor.”
Deixo o convite a todos os que lerem estas palavras para que nos visitem, para que venham ver com os vossos próprios olhos o espaço que temos e o trabalho que fazemos. Que fiquem atentos à nossa página no Facebook, rede social que nos tem permitido muitas vezes realizar pedidos dirigidos à população e adquirir o que nos é solicitado mas está em falta, mas principalmente, deixo a apelo a que as famílias não se sintam melindradas ou envergonhadas em pedir a nossa ajuda! Todos nós, em algum momento das nossas vidas, já precisamos da ajuda de alguém!