Realiza-se, este fim-de-semana, na freguesia dos Canhas, a XIII Feira Regional da Cana-de-Açúcar, uma cultura que, segundo números do Instituto Nacional de Estatística, ocupa mais de 172 hectares, pertencentes, revela a Direcção Regional da Agricultura, a cerca de 1.300 agricultores.
Embora a colheita deste ano só se inicie depois da Páscoa, reina a expectativa de quais serão os resultados da produção, sobretudo devido aos prejuízos trazidos pela vaga de mau tempo que assolou a Madeira nas últimas semanas. O vento causou estragos, derrubando canaviais um pouco por toda a Ilha, temendo-se a redução da quantidade e da qualidade.
Paulo Santos, Director Regional da Agricultura, realça que ainda está a decorrer a inventariação dos prejuízos, embora não esconda que em vários locais da costa Sul esta cultura foi afectada, originado acama. Ainda assim, garante-nos que, felizmente, na maior parte dos casos “a produção não ficou totalmente comprometida já que, apesar de alguma perda de qualidade, menor grau de açúcar, os engenhos ainda podem tirar partido da mesma, tanto mais que vão iniciar a transformação já no princípio do próximo mês”. Para as perdas totais, o governante relembra o apoio dado pelo Governo Regional, a fundo perdido, até 80% dos prejuízos incorridos tanto nesta como noutras culturas agrícolas.
Ainda assim, é esperado que a produção venha a alcançar as 10.812 toneladas do ano passado, evidenciando o crescimento desde 2014. Destas, cerce de 300 toneladas são de explorações agrícolas de modo biológico, número que tem vindo também a crescer.
Os agricultores esperam que este ano a produção volte a ser absorvida na totalidade pelos engenhos que laboram na Região. As novas estratégias de promoção e divulgação têm trazido mais dinamismo ao sector. Mas ainda assim mantêm-se algumas queixas, com os apoios e o baixo preço, a que Lígia Ornelas, dos Canhas, junta o acréscimo com mais mão de obra, em virtude da cana caída.
Procurando fazer com que os agricultores recebam no mais curto prazo possível os valores das produções que venham a fornecer aos engenhos, o Governo Regional criou uma linha de crédito bonificado para 2018/2019, dirigida àquelas empresas. É, pois, concedida uma ajuda em contrapartida do pagamento de um preço mínimo aos agricultores fornecedores, que este ano se fixa, novamente, nos 0,27 €/kg.
Ainda assim, muitos dos empresários ligados à transformação da cana sacarina não se mostram muito optimistas quanto aos próximos tempos. A concorrência desleal, tanto ao nível interno, como externo, “é um dos males que afecta o sector”, confessa-nos Carlos Bettencourt, um dos sócio-gerente da Sociedade dos Engenhos da Calheta, que pede alguma protecção para os produtos regionais. “Nós ainda temos toda produção do ano passado e se não fosse o consumo para produtos derivados, como o bolo de mel, dificilmente conseguiríamos suportar esta situação”.
Dois dias de festa
Pese embora os problemas que possam afectar o sector, hoje e amanhã são dias de festa nos Canhas, com stands de comes e bebes e muita animação. Para logo à tarde, está agendada a actuação do Grupo de Folclore da Ponta do Sol e da ‘Banda Fixe’, a partir das 19h30. A meio da noite, às 22h30, será a vez de subir ao palco Roni de Melo, ao que se seguirá a actuação do DJ Andy Lux, prolongando-se a festa até à 1h30 da madrugada. Amanhã, Domingo, pelas 10h30, será promovida a actividade ‘Apanha da Cana’, em colaboração com duas unidades hoteleiras locais. Durante a tarde volta a animação, com a actuação do Grupo de Acordeonistas da Casa do Povo da Ponta do Sol agendada para as 15h30; segue-se, às 16h30 a actuação do grupo ‘Seca Pipas’; e uma hora depois, às 17h30, haverá animação de rua. Os ‘Banda d’Além’ terão a responsabilidade de encerrar esta XIII Feira Regional da Cana de Açúcar.