Élvio Ganança
Élvio Ganança
Mais conhecida por “os Canhas”, é uma freguesia com cerca de 13,2 Km2 e com uma população efectiva entre 3500 e 4000 habitantes. Foi fundada a 10 de Julho de 1578 (439 anos), e deve o seu nome, segundo documentos existentes, a João de Canha, escudeiro de D. Diogo (irmão de D. Manuel I de Portugal, Duque de Viseu e 3º senhor da Ilha).
Tinha eu 2 anos de idade quando vim para cá viver, visto que a minha mãe, e a maior parte da minha família, é natural desta terra. Cresci e vivi, desde então, toda a minha vida nos Canhas, estudando e aprendendo com as gentes de cá. Quando era criança, fiz o meu ensino básico na Escola do 1º Ciclo com Pré Escolar do Lombo dos Canhas. Aqui estudaram tios, a minha mãe, eu (há 20 anos), o meu irmão, amigos, e agora uma prima de 8 anos, recém chegada da Venezuela. Lembro-me de estar sentado e, enquanto a professora discursava, olhava para as árvores de grande porte que estavam no pátio, recheadas de folhas amarelas e alaranjadas, com o pôr-do-sol e uma leve brisa a correr, e pensar: “um dia mais tarde, lembrar-me-ei de isto…”. E lembro, como lembro da quinta que está ao lado da escola e eu dizia que um dia seria minha, como lembro de jogar à bola à chuva, esta saltar para a ‘fazenda’ do senhor Mateus, irmos lá buscar a bola e voltarmos com os bolsos cheios de ‘gorilas’ e ‘sacos de batata frita’, comprados na sua mercearia, como lembro de tantas outras coisas.
Passados vários anos, fui estudar para a Universidade da Madeira e, como qualquer jovem com sede de conhecimento deste mundo tão vasto, tomei a decisão que logo que acabasse os estudos, sairia da Madeira. Amadureci no caminho académico e isso fez-me crescer, e muito, como pessoa. Rapidamente mudei a forma de pensar, e aprendi: “se posso vingar na vida e carreira, lá fora, posso vingar cá”. Do estrangeiro passei a querer viver cá, pelos lados do Funchal e, depois de ter realizado vários trabalhos na Ponta do Sol, tive aquele ‘clique’, e mudei. Esta é minha terra. Não sou natural de cá, mas sou e sempre serei um ‘canheiro’ orgulhoso. Há um ano e meio fui ao Porto e, ao chegar de volta casa, lembro-me de dizer ao meu irmão: “que saudades senti disto, eu adoro os Canhas”. Desde então, esta é a minha terra de eleição.
Por entre ruas, caminhos, veredas, levadas e montes, os Canhas estende-se desde o mar, a praia dos Anjos, uma das mais bonitas da nossa ilha, até o Paul da Serra.
Entre as belezas naturais, temos as várias ribeiras e ribeiros, vales verdejantes e zonas muito povoadas. São vários os miradouros, alguns pontos históricos e culturais (nomeadamente religiosos como, por exemplo, igrejas, capelas e monumentos), escolas, um centro de saúde, uma clínica, um lar de idosos, um estádio de futebol, cabeleireiros, cafés e restaurantes, posto de combustível, padaria, posto bancário, prontos a vestir, florista, farmácia, centro de massagens, stand automóvel, entre muitos outros pequenos pontos e negócios. É o coração do concelho, pois aqui está sediada a maior parte das empresas da Ponta do Sol. Numa terra que cresceu com a força do trabalho dos antigos (maioritariamente através da agricultura), e com uma tradição de emigração, é, actualmente, um atractivo para os praticantes de vários desportos e vem crescendo exponencialmente, nos últimos anos, na área do turismo rural, atraindo a população regional, nacional e estrangeira (até para viver).
Passaria horas falando e escrevendo mas, o melhor mesmo, é visitar esta freguesia. Dizem que, depois de cá vir, não há terra a que possamos chamar de casa como os Canhas.