Domingos Andrade
Domingos Andrade
A realização de uma festa da Castanha, poderia parecer à partida uma duplicação de um evento regional, mas após uma análise partilhada entre os vários parceiros da organização, verificamos que os castanheiros são o elemento de maior expressão nestas serras, sendo mesmo a maior extensão contínua de Castanheiros da Madeira e uma das mais antigas (das Fontes aos Terreiros), pelo que nos afigurou o elemento Castanha como o mais congregador de um evento serrano. Para mais, o facto da produção de castanhas das nossas serras ser mais tardia que a comum na zona do Curral da Freiras, e pelo facto da nossa proposta de festa informal estar orientada para se realizar no próprio contexto dos castanheiros e das castanhas – Achada Boieiro – com o acréscimo positivo de este local se situar num ponto equidistante dos 2 pólos serranos da Ribeira Brava e Campanário, dotado de acesso em boas condições.
O Repto estava lançado e em pracearia com instituições locais, nomeadamente: Associação Desportiva do Campanário, Junta de Freguesia do Campanário, Centro Comunitário do Lugar da Serra, Escolas do Lugar da Serra e de São Paulo e Paróquia de São Paulo, a 21 de novembro de 2010, realizamos a I Edição da Festa da Castanha da Serra, evento que visava contribuir para a melhoria da imagem e auto-estima das populações das zonas altas da freguesia de Campanário e Ribeira Brava e com os objectivos de criar um evento positivo e com uma identidade relacionada com as vivências destas zonas.
Perante o sucesso que foi esta I edição da Festa da Castanha da Serra, não tivemos dúvidas sobre a continuidade da mesma ao longo dos anos, até porque deu claros sinais de concretização dos objectivos preconizados, porque se afigurou ajustada nos seus propósitos, características, programa e contexto de realização, e porque denotou potencial para ser reeditado e consolidado como um evento (novo) mas positivo e característico das serras de Campanário e Ribeira Brava.
Os indicadores de sucesso deste primeiro evento, foram claramente a forma partilhada de organização, a participação voluntária muito expressiva, especialmente das populações locais, a adesão do público, o saldo exemplar da participação e comportamento e assim o repto estava lançado para a reedição do mesmo num formato muito próximo do ocorrido.
Nesta festividade tivemos o cuidado de fazer a junção das temáticas “ENCONTRO POPULAR DE ACORDEÕNS E CONCERTINAS”, fazendo do mesmo e deste local um marco regional para se juntarem informalmente e numa atuação espontânea grupos de música de acordeões e de concertinas, o que simultaneamente era ainda uma área em aberto no panorama musical Regional.
Não menos importante, foi também conciliar as vertentes ambientais (plantação de árvores e limpeza da zona), religiosa (missa), cultural (animação pelos grupos de acordéons e concertinas), lúdico-desportiva (jogos tradicionais e slide) e gastronómica (o máximo com base nas castanhas) foram fatores de sucesso que se apresentaram muito bem articulados.
Desde a primeira hora que não tivemos dúvidas que o local do evento foi, e é, muito “sui generis” no panorama das festividades da Madeira, só encontrando paralelo com o “Chão dos Louros” e a identidade deste evento passa sem dúvida nenhuma por permanecer neste local a sua realização.
Perante tudo isto, tivemos a certeza que este evento tinha um grande potencial de crescimento, compatível com as condições estruturais, prevendo a continuidade do mesmo ao longo dos anos e tendo sempre presente o condão de sensibilizar e consequentemente, alertar as entidades públicas responsáveis, para o apoio a iniciativas que valorizem positivamente estas populações fisicamente mais periféricas e muitas vezes subestimadas.
Por último, e não menos importante, com esta iniciativa tivemos o propósito de despertar nos parceiros o potencial da “Achada do Boieiro”, que muitos conhecem por Trompica, para o usufruto público, local muito aprazível, já informalmente utilizado pela população, mas na prática trata-se de terreno privado deixando à consideração o estudo ou tomada de condições preventivas para passar este mesmo espaço para o domínio público, dotando-o de estruturas de apoio básicas.
Aproveitaria a oportunidade para informar que a IX edição da Festa da Castanha da Serra, será levada a cabo no próximo dia 18 de Novembro, apelando e convidando todos ou seja os que já conhecem e os que ainda não tiveram a oportunidade de conhecer, para se deslocarem ao Chão do Boieiro com a certeza que darão o seu tempo por bem empregue e tendo uma excelente oportunidade de visitar o local e se mais não fosse, também experimentar os mais diversos sabores derivados da castanha e não só.