Isabel Cristina Camacho
Isabel Cristina Camacho
Aproxima-se o tempo em que toda a nossa freguesia se transforma numa verdadeira Aldeia Natal.
Lembro-me de ouvir na rádio, há muitos anos atrás, uma canção cujos Autor e intérprete não faço a menor ideia mas era mais ou menos assim: “É tão longe a minha aldeia e tão breve o povoado, que Jesus da Galileia…podia lá ter nascido, podia lá ter morado…” Sempre achei, na minha inocência, que esta canção falava da minha terra. Até porque temos as montanhas, as furnas e os palheiros, tudo a jeito para um majestoso presépio! Os costumes e tradições enchem o vale de cheiros e cores e sons característicos, porque há rituais que se permanecem, desde a “função” do porco, ao cavar as “pimpineleiras”, à busca da indispensável batata-pimpinela para acompanhar a carne de vinho e alhos de dia de Festa, as músicas das celebrações religiosas, tudo é feito como antigamente.
Este ano, limitadas que estão algumas vivências próprias desta época e entendemos bem o porquê, teremos um Natal talvez mais parecido aos de há 30 anos atrás. Nessa altura não havia enchentes nas Missas do parto, os participantes reduziam-se aos de cá da terra, porque ainda não era “moda” percorrer as paróquias, diga-se não tanto pela Missa mas pelo regabofe e as cantorias até altas horas do dia e nem em sonhos mais disparatados, falar-se-ia em tornar estas missas em património de não sei das quantas, que cá para mim, ao fazerem por preservar algumas tradições, vão dando cabo delas. Se calhar este ano serão mais genuínas, mais perto do que eram na sua génese.
Já o Mega presépio, deixará de ser tão mega mas não deixa de existir. A capacidade de reinventar que têm os elementos da Associação “O Refúgio da Freira” é maior que as contingências e já preparam um lindo presépio ao ar livre, na praça central da freguesia. Na igreja paroquial será construído igualmente o tradicional presépio e que este ano, elaborado pela paróquia e um grupo de homens, festeiros do arraial de Nossa Senhora, no próximo ano. As ruas estão decoradas e cheias de Luz, um trabalho conjunto da Junta de Freguesia e Câmara Municipal, já lembra a Festa!
Quanto à Noite de Natal, será bem diferente! Nem anjos nem romagens…corta-nos o coração não poder cumprir tão belas tradições mas não deixaremos de viver o Natal com todo o empenho, mais recatado, menos concorrido, mas com todo o enlevo que o nosso povo sempre deu a esta época festiva. Soarão os cânticos antigos, nem as máscaras serão impedimento a que a alma deste povo se faça ouvir e ecoar por essas montanhas.
Serão mais comedidos os convívios em cada família. Se não vierem todos os tios, primos, compadres e amigos, ninguém levará a mal. Se calhar este é o ano em que com menos ruído, menos “stress”, teremos mais tempo para refletir, para interiorizar…o que é realmente importante e o que é supérfluo, os Natais que temos vivido ou como deveríamos tê-los vivido. Este ano, talvez, sejamos mais modestos nos nossos pedidos ao Menino Jesus! O simples facto de ter saúde e chegar a 2021 contando com a presença dos nossos mais queridos já será motivo de grande alegria e a melhor de todas as prendas.
Que este seja um Natal de muita paz e muita saúde para todos e que cheguemos ao novo ano com muita vontade de viver e de virar esta página da História que apesar de ser negra, esperamos que seja uma lição para a Humanidade!