
O orçamento da Junta de Freguesia de Santa Cruz foi aprovado com o voto favorável do JPP, a abstenção do PSD e o voto contra do CHEGA. Para o CHEGA, esta aprovação é mais um exemplo claro do casamento político entre JPP e PSD nas freguesias, um entendimento tácito que permite ao PSD viabilizar os seu orçamentos onde o JPP tem poder decisivo e, em Santa Cruz, lavar as mãos, fingindo neutralidade através da abstenção.
A eleita do CHEGA na Assembleia de Freguesia de Santa Cruz, Manuela Gonçalves, foi clara na sua posição e na denúncia deste jogo político que nada tem a ver com os interesses da população.
“Ao analisarmos este orçamento, deparamo-nos com uma realidade profundamente preocupante. A Freguesia de Santa Cruz vive numa autêntica asfixia financeira, totalmente dependente de entidades externas. Mais de 91% da receita — cerca de 278 mil euros — provém de transferências correntes. Isto significa que a Junta de Freguesia não tem autonomia financeira nem capacidade de decidir o seu próprio futuro.”
O orçamento apresentado ascende a cerca de 303 mil euros, mas a sua distribuição revela prioridades completamente desalinhadas com as reais necessidades da freguesia.
“Quando olhamos para a despesa, o cenário é desolador. São 131.850 euros gastos em pessoal e mais 103.000 euros em aquisição de bens e serviços. No total, mais de 77% do orçamento serve apenas para alimentar a máquina administrativa. Onde está o investimento? Onde está a obra?”, questionou Manuela Gonçalves.
Do montante global do orçamento, apenas 20.000 euros, ou seja, míseros 6,6%, estão destinados a investimento real na freguesia.
“Pergunto ao Executivo como é que se justifica que, num orçamento de 303 mil euros, apenas 20 mil euros sejam destinados a investimentos reais. É este o valor que consideram suficiente para melhorar ruas, infraestruturas e a qualidade de vida dos santacruzenses? Este é um orçamento de manutenção, de secretaria, sem qualquer visão de futuro para Santa Cruz.”
Mais grave ainda, segundo a eleita do CHEGA, é o pedido de uma “autorização prévia” para recalendarizar compromissos de 2025 que não foram pagos, empurrando responsabilidades financeiras para o futuro sem qualquer transparência.
“O CHEGA não aceita passar cheques em branco. Exigimos saber qual é o valor real das dívidas ou compromissos que estão a transitar para 2026. Não podemos aprovar documentos sem saber o buraco financeiro que está a ser criado e que, mais tarde, será pago pelos fregueses.”
Manuela Gonçalves denunciou ainda a falta de seriedade no planeamento do investimento, com rubricas simbólicas que demonstram total ausência de ambição. “É vergonhoso ver rubricas de investimento com valores de 100 euros. Isto não é planeamento, é falta de empenho em procurar financiamento e em fazer obra. É um faz-de-conta orçamental.”
O CHEGA considera que este orçamento é o reflexo de uma dança do poder entre JPP e PSD, onde os interesses partidários se sobrepõem ao bem-estar da freguesia e dos fregueses. “Enquanto JPP e PSD se entendem nos bastidores e jogam à política nas freguesias, quem perde são os santacruzenses. O CHEGA estará sempre do lado da transparência, da responsabilidade financeira e do investimento real na freguesia, exigindo que o dinheiro dos contribuintes seja aplicado em benefício direto da população e não para sustentar uma máquina administrativa pesada, dependente e sem rumo.”
O CHEGA reafirma o seu compromisso com uma gestão rigorosa, transparente e orientada para o desenvolvimento real da Freguesia de Santa Cruz.