Ana Luísa Freitas
Ana Luísa Freitas
Santana, a primeira cidade portuguesa do século XXI, atingiu agora a ´maioridade’. Nasceu a 01 de Janeiro de 2001.
Dezoito anos depois, a mudança de estatuto não trouxe alterações. A população concelhia, sempre teve gosto e preferência para que a atual cidade rural, continuasse como vila, cuja elevação data de 25 de maio de 1835. No entanto, nunca se registou nenhuma reivindicação pública formal.
Alberto João Jardim, na altura Presidente do Governo Regional, na sessão solene declarou que esta nova cidade simbolizava a vontade de «prosseguir pelo desenvolvimento».
Na realidade, Santana, reunia as condições necessárias para a mudança de estatuto e passou a cidade por decreto.
É outro município marcado pela desertificação e envelhecimento da população, tem aproximadamente 7719 habitantes (censos 2011) distribuídos pelas 6 freguesias (Arco de S. Jorge, S. Jorge, Ilha, Santana, Faial, S. Roque do Faial). Santana – sede de concelho – concentra a maioria de habitantes, cerca de 3275 (censos 2011). Até 2013, teve uma liderança social-democrata e desde então uma governação pelo autarca centrista Teófilo Cunha.
O Executivo camarário, nunca escondeu a dificuldade de fixação das pessoas à terra. Há falta de investimento e iniciativa empresarial. Se as vias rápida e expresso encurtaram distâncias também facilitaram a saída para a procura de melhor oportunidade de emprego, por exemplo, na capital madeirense.
A ligar o sul e o norte da ilha, esta região, foi espaço de acolhimento para quem por aqui circulava . Quase todos os visitantes da Madeira, cientistas, políticos e escritores – de diferentes origens – procuravam esta localidade e levavam consigo imagens e registos escritos que nunca se apagaram. Aqui, Ferreira de Castro, escreveu – na pensão Figueira, onde ficou hospedado – grande parte do seu romance «Eternidade» (1933). Já , o marquês de Jácome Correia, considerava -a « o jardim agrícola da Madeira».
Santana – segundo maior concelho da RAM em espaço físico – subsiste principalmente da agricultura e do turismo. Em junho de 2011, recebeu um certificado muito especial atribuído pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) – um certificado único no arquipélago, que se juntou aos cinco de todo o país, ostentando desde então a categoria de Reserva Mundial da Biosfera. Este certificado de excelência é um selo que assegura a qualidade ambiental, a biodiversidade, a prática sustentável de gestão de recursos, atrai um turismo de qualidade e direciona para um desenvolvimento harmonioso com a natureza.
A promoção de Santana como Reserva Mundial da Biosfera não pode ser descurada e parece estar adormecida…
Em 2013, o município correu o sério risco de perder este estatuto que garante qualidade e preservação do património ambiental, por não participar em alguns trabalhos e/ou reuniões – noutros países – definidos pela UNESCO.
Este galardão/selo difícil de conquistar – veículo promotor e atrativo de um turismo de qualidade – deve ser sempre bem preservado, é uma mais-valia para Santana e para a Madeira.