O Clube de Ecologia Barbusano, da Escola Secundária de Francisco Franco, realizou recentemente uma saída de campo, num percurso que se iniciou na Meia Serra, passou pelo Pico do Suna, Levada da Serra do Faial, Lombo da Raiz e Santo da Serra.
A caminhada iniciou-se a 4 quilómetros do Poiso, na estrada Poiso-Santo da Serra, aos 1300 metros. Este trajeto inicial foi feito numa estrada de terra batida, rodeada por floresta indígena e, ao fim de 3 quilómetros, levou ao Pico do Suna, localizado na freguesia do Porto da Cruz, a uma altitude de 1028 metros. Neste espaço, encontra-se uma torre de vigilância, recuperada conjuntamente com outras, muito importante para a prevenção dos fogos florestais. Infelizmente, o estado do tempo não era favorável a percursos a pé, não tendo sido possível apreciar as lindas paisagens que ao longo deste percurso se observam: o Cortado de Santana e a Ponta dos Clérigos, o Faial, o Porto da Cruz, as Desertas e, ao longe, o Porto Santo.
A descida para a Levada da Serra do Faial foi feita numa vereda de piso bastante pedregoso e rodeada de floresta Laurissilva. Aqui, a floresta apresenta-se em razoável estado de conservação, observando-se plantas do estrato arbóreo, como loureiros e folhados, urzes e uveiras da serra, plantas de porte mais pequeno. Preocupante foi o facto de se ter observado, por entre as plantas do estrato herbáceo, como os fetos e a tão característica hera-terrestre (Sibthorpia peregrina), uma presença anormal de abundâncias. Estas plantas invasoras constituem uma ameaça às plantas indígenas desta ilha, pelo que devem ser controladas conjuntamente com outras. É importante travar o avanço das plantas invasoras não só nas imediações desta floresta, mas também em áreas pontuais da mesma. É urgente assegurar a sua preservação. Os incêndios de outubro do ano passado, que afetaram a Laurissilva do Galhano, mostraram o quão vulnerável se encontra a floresta indígena. Segundo um reputado investigador madeirense, se a Madeira perder a floresta Laurissilva, encaminha-se para uma situação idêntica à do Porto Santo, que é a escassez de água.
Chegados à levada, deparámo-nos com um alto e estreito furado, que deu o nome ao cabeço, Cabeço Furado. Atravessámo-lo e, uns minutos mais à frente, avistámos uma bonita paisagem, onde se destacava a Penha de Águia e uma interessante mancha de Laurissilva sobre a escarpa. Um pouco mais à frente, atravessámos as originais “janelas” abertas nas rochas, por onde serpenteia a levada. Passando depois pelas Casas Divisórias de Águas, situadas a 2 quilómetros uma da outra. Junto à última, abandonamos a levada e descemos pelo caminho florestal até chegarmos à ER 201, que liga o Santo da Serra à Portela. A reta final do percurso foi de 1 quilómetro ao longo da estrada, até ao centro do núcleo populacional, onde se localiza a igreja dedicada a Santo António da Serra.