Há muito tempo que a freguesia de São Martinho deixou de ser uma zona ‘rural’. A área agrícola é cada vez menor, tendo os poios sido engolidos pelo hotéis e por blocos de apartamentos. E se quem aí vive, como Carlos Freitas, aponta necessidade de maior cuidado com a limpeza das ruas e pede mais espaços verdes, quem mora mais acima, distante do ‘glamour’ hoteleiro, aponta outras carências, evidenciando as dicotomias da freguesia mais populosa da Região.
Neste périplo pela localidade, o DIÁRIO falou com outros quatro dos seus quase 27 mil habitantes. Todos eles deram nota de alguns aspectos que gostavam de ser melhorados, mas também evidenciaram o que dizem estar bem.
Carlos Aguiar mudou-se para a Nazaré há cerca de 25 anos. Reconhece que houve fases complicadas, sobretudo devido a alguns problemas sociais que afectam aquela zona, mas mostra-se satisfeito com a qualidade de vida que ali consegue ter.
“Viver aqui é bom. Tenho tudo à mão: padaria, centro de saúde, supermercado, transportes públicos. Se melhorar, estraga”, aponta. Ainda chegou a pensar mudar-se para o Caniço, mas hoje dá “graças a Deus” por “não ter feito essa asneira”.
Carlos Aguiar escolheu a freguesia de São Martinho para viver há cerca de 25 anos.
As mudanças na freguesia, sustenta, “têm sido sempre para melhor”, ainda que reconheça a persistência de alguns problemas, como “o flagelo da droga”. Não deixa de criticar, também, a manutenção das árvores em redor do bairro. “É preciso alguém que perceba deste assunto, pois muitas parecem ter alguns problemas e carecem de uma intervenção”, nota.
Sobre a limpeza da zona, reconhece que podia ser melhor, mas apela ao bom-senso das pessoas, pois “têm de perceber que quem limpa também tem férias e não é possível ter sempre toda a gente a limpar”, argumenta.
Rui Silva também aceitou deixar o testemunho de quem vive na freguesia há 27 anos. “Agora vivemos bem. O Bairro da Nazaré já foi pior. Havia muita insegurança e muita droga, muitos pequenos novos a consumir. Felizmente, agora está melhor, embora ainda apareça algumas situações”, apontou.
Para Rui Silva, o Bairro da Nazaré “está muito melhor”.
No demais, nota que as diferentes entidades “fazem pelo melhor”, e não perde a oportunidade de atribuir alguma responsabilidade às pessoas. “Têm de ser mais civilizadas e saber viver em comunidade”, referindo-se ao lixo.
Ali ao lado, na Mata da Nazaré, que foi alvo de uma requalificação recentemente, não falta quem denuncie a falta de água nas zonas ajardinadas. “Isto está tudo seco, é uma vergonha”, diz António Rodrigues, que lamenta “a falta de cuidado com este espaço nobre da freguesia”.
Nélio Viveiro conhece bem a dinâmica da freguesia e queixa-se do aumento do trânsito.
Diz que não faltam ratos e baratas e mesmo sem atribuir responsabilidades, nota que “a culpa não pode morrer solteira. Alguém ter de fazer alguma coisa por esta mata”, apela.
Nélio Viveiros também conhece os cantos de São Martinho. Taxista de profissão, fazendo praça junto ao Centro de Saúde da Nazaré, diz já ter visto “de tudo”. Não só nas redondezas, como um pouco por toda a freguesia.
“Há sempre coisas a melhorar”, admite, reconhecendo que os problemas já foram mais graves. “Parece-me que está melhor”, constata, não deixando de lamentar o aumento significativo do trânsito automóvel.
“É cada vez mais complicado andar na estrada, vemos cada vez mais carros”, apontando que “há dias piores do que outros”, deixando a certeza de que “isto não pode parar”.