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Curral das Freiras, terra de pastores

25 Maio, 2018 às 8:47
Isabel Cristina Camacho

Isabel Cristina Camacho

Desde os primórdios da nossa freguesia, a atividade pastoril esteve sempre presente e constituiu, até à década de oitenta do Séc. Passado, uma importante fonte de rendimentos de muitas famílias curraleiras, desde os montados mais a norte, até às serras de Santana, aos do Sul na partilha com as serras do Estreito de Câmara de Lobos, os nossos pastores calcorreavam todas as veredas e escarpas desta terra. Sendo, até, o nome Curral das Freiras, no início Curral ou Curral da Serra devido à sua orografia e pelo facto de existirem fartas pastagens.

Nas memórias daqueles que , como eu, nasceram nos tempos da pastorícia, estão vivas as recordações do gado nas nossas serras e as vivências que esta atividade proporcionava.

Ao longo do ano, em muitas madrugadas e ao som dos “bilros”, os pastores chamavam uns pelos outros, ora era dia da “tapagem” (bardos de paus e ramos de giesta que impediam o gado de invadir as fazendas cultivadas), ora era dia da “arruma”, em que se juntava o gado para contar e saber se havia crias novas no rebanho, e até para reparar as veredas, havia muito trabalho e as serras eram cuidadas.

Mas o principal acontecimento eram as tosquias! Normalmente, aconteciam no final de maio, princípios de junho.

Os homens, desde os mais velhos aos de mais tenra idade,  levantavam-se muito cedo e partiam para o montado, levando consigo o bordão de conto, uma corda e um farnel com pão e ovo e ainda, o vinho seco num cantil que depois era distribuído na serra  e bebido num corno de cabrito. Corriam as serras de ponta a ponta e iam buscar o gado, às zonas mais íngremes e perigosas, desde o Pico da Torre, ao poio do teixo, ou  à Fajã da Curta,  entre tantos outros lugares de onde ouvíamos contar, com orgulho, as mais fantásticas aventuras. Cada um sabia o seu posto e à medida das suas possibilidades,  todos tinham a missão de encaminhar o gado para o curral, situado na margem da Ribeira da Quebrada, quase aos pés do Pico Ruivo.

Lembro-me das serras limpas de matagal, pelo gado e pelos pastores, impossibilitando o avanço das chamas e lembro-me da Natureza a regenerar-se  todos os anos, seguindo o seu curso natural.

Nós, mulheres e crianças, saíamos de casa, lá pelas 09:30h, connosco levávamos, já, o almoço, sempre em grande quantidade, num cesto de vimes e embrulhado numa toalha. As semilhas com carne de porco, tinham um sabor especial  e era um manjar privilegiado!

As serras cobriam-se de maia (flor da giesta) e o orvalho matinal, pendia das espigas da erva campainha e das fedigozes que ladeavam as estreitas veredas qua davam até ao curral da Quebrada, zona onde o meu pai e outros pastores tinham o gado.

Era um dia de festa! Desde o momento alto, em que os pastores chegavam com o gado ao Curral exibindo o fruto do seu trabalho, ao almoço partilhado numa toalha estendida no chão e de onde exalava um aroma maravilhoso, que ainda hoje julgo sentir, misturado com uma doce saudade desses momentos.

Depois do almoço, era a tosquia do gado, e cada pastor, conhecia as suas ovelhas, (assim como no Evangelho), todas tinham um sinal na orelha, e as que não tinham, eram “assinadas” nesse dia. No fim, trazia-se uma rês para matar ou para vender, se houvesse, claro está,  e uma saca de lã para enxergas ou barretes.

A tarde, era de brincadeira, a “canalha”, (em que me incluía), saltava, corria, ria e brincava, pelas giestas e feiteiras, rostos felizes e vermelhos da correria, matávamos a sede, numa nascente, fresca e continuávamos a rir, a brincar…

Tenho saudades desse tempo!

“Não pode haver gado nas serras”, dizem os entendidos, que o gado destrói a vegetação, destrói plantas endémicas e vulnerabiliza os solos.

Disso não sei! Não sou entendida…

Mas lembro-me das serras verdes, lembro-me de árvores centenárias, de tis, barbuzanos, e pau – branco, que os pastores podavam em cada Inverno para alimentarem  o gado, o que as fazia ressurgir em toda a sua pujança, em cada Primavera e que tristemente, desapareceram nos incêndios, em 2010.

Lembro-me das serras limpas de matagal, pelo gado e pelos pastores, impossibilitando o avanço das chamas e lembro-me da Natureza a regenerar-se  todos os anos, seguindo o seu curso natural.

Era bom esse tempo e  na minha humilde opinião, creio que havendo bom senso da parte de todos, poderia voltar a haver gado nas nossas serras, claro, sendo regrado  e devidamente vigiado.

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