Como vem sendo habitual nos últimos anos, a Casa do Povo do Curral das Freiras volta a organizar a ‘Mostra do Brigalhó’, um certame que terá, a 27 de Maio, a sua 16.ª edição.
O evento tem por principal objectivo divulgar uma planta que já quase não é utilizada na alimentação da população local, mas que, noutros tempos, em que a fome grassava na freguesia, este era dos poucos alimentos disponíveis. O seu valor comercial é quase irrisório, não sendo fácil, por isso, encontrá-lo à venda, nem mesmo nas antigas mercearias.
Segundo Eugénio Vasconcelos, presidente da Casa do Povo, “o brigalhó possui, sobretudo, um valor cultural, representando um período em que as carências alimentares eram muitas por aqui”, salienta. De notar que esta planta endémica da Macaronésia, com presença nos arquipélagos da Madeira, Açores e Canárias, tem um valor nutricional muito baixo.
No Curral das Freiras, o brigalhó cresce espontaneamente, sobretudo entre Março e Junho. O tubérculo, muito semelhante ao inhame, só se torna comestível depois de cozer 24 horas, com ‘azedas’ e muita água.
Foi para fazer valer este aspecto da história da gastronomia do Curral das Freiras que, em 2002, a Casa do Povo, pela mão da sua então presidente, Arsénia Silva, procurou recuperar esta tradição, trazendo a público as diferentes formas de preparar e confeccionar o brigalhó. Cozido ou frito, serve de acompanhamento a vários pratos, nomeadamente o atum de escabeche. Há também quem o utilize na confecção de bolos e broas, dado ser rico em amido.
No dia 27 de Maio, serão, pois, muitas as especialidades disponíveis para prova na praça central, onde terá lugar, também, muita animação a partir das 11 horas. Nota final para uma exposição sobre todo o processo de preparação deste tubérculo, desde a recolha da terra, a lavagem, a preparação da cozedura e produto final. Os restaurantes locais também irão incluir neste dia no seu cardápio especialidades com brigalhó de modo a promover o produto e mostrar a sua versatilidade.