A TER EM CONTA
Ponto de partida: Corticeiras – Jardim da Serra
Ponto de chegada: Curral das Freiras
Tempo de percurso: 5 horas, para apreciar com calma…
Equipamento: calçado e roupa apropriados.
Observações: Estando chuva, algumas zonas poderão apresentar piso escorregadio. Um bordão, em todo o caso, poderá dar jeito na descida.
Porque o dia de são Valentim é já daqui a duas semanas, achámos ser altura para o levar a conhecer melhor a Boca dos Namorados, ali mesmo na freguesia do Jardim da Serra, com um miradouro sobranceiro ao Curral das Freiras. Trata-se de um passeio simples, acessível a qualquer pessoa que tenha segurança no caminhar e não tenha problemas com descidas.
Ora, nada como aproveitar um dia de descanso para percorrer mais uma das nossas muitas veredas que nos permitem uma incursão pela verdadeira beleza da nossa floresta. Para evitar os transtornos da logística das viaturas, deixe o carro no Funchal e vá de autocarro até àquela freguesia do concelho de Câmara de Lobos, pois esta é também uma boa forma de apreciar a paisagem com outra descontracção. Não deixe de reparar nas muitas cerejeiras e ameixeiras, que não tarda nada se enchem de flores brancas, lembrando-nos que afinal tudo tem o seu tempo, até a Primavera.
Deverá começar o percurso no centro da freguesia do Jardim da Serra, tomando o caminho que segue à sua mão direita, com a indicação ‘Boca dos Namorados’. Se não quiser subir pelo caminho asfaltado, pode seguir pelo antigo caminho, cujo piso alterna entre o betão e a calçada. Até alcançar o miradouro da Boca dos Namorados a paisagem não tem grandes atractivos, ainda assim pode sempre comprovar o quão infestantes podem ser os eucaliptos ou as acácias. Por vezes, são os castanheiros a dominar o caminho. Aqui e ali vão surgindo, também, à vez, uma ou outra flor colorida, dando ânimo à vista que anseia por belezas ímpares.
Lá no alto, a pouco mais de 1000 metros de altitude, terá um dos grandes momentos deste percurso. Debruce-se na varanda do miradouro e aprecie a paisagem. Lá no fundo tem o Curral das Freiras, com o casario a querer subir a montanha, preso entre a altivez do basalto do Paredão e a força da Ribeira do Curral, mais abaixo dos Socorridos. A meio da montanha sobressai o miradouro e a Estalagem da Eira do Serrado. No cume, sucedem-se alguns dos picos que compõem a cordilheira central, com destaque para o Pico Cedro e o Pico Grande, em lados opostos. Nos dias claros, este esta é uma vista que nos deixa perceber bem o quanto pode ser bela e agreste a nossa paisagem.
O que poderá encontrar…
Uma descida agradável… por entre os castanheiros A descida para o Curral das Freiras segue do lado esquerdo do miradouro, com o trilho a correr, precipitando-se, por entre os soutos de castanheiros que dominam nas ilhargas do caminho. O piso não apresenta grandes dificuldades, sendo apenas necessária alguma cautela com as zonas mais íngremes. Não há perigo de vertigens e o caminho apresenta-se com algumas gramíneas, mas agradavelmente transitável. E nem as marcas deixadas pela bravura dos últimos fogos deverão ser um impedimento à descida.
A vegetação é maioritariamente rasteira. Daqui a dias já começam a despontar as flores rosadas da erva-de-coelho, que contrastam com o amarelo das azedas e do hipericão. Há também algumas figueiras-do-inferno e uma ou outra abrotona. Os ensaiões parecem disputar o espaço nas rochas com o inhame-de-lagartixa. Mas há espaço para todos. À medida que formos descendo, não podemos deixar de olhar as montanhas lá no alto. Por momentos sentimo-nos realmente pequenos. É a grandeza da mãe Natureza a dominar os nossos sentimentos. Mas as vistas fantásticas para o vale da ribeira depressa nos fazem querer mais e mais. Variando consoante as paragens feitas, não são precisas muitas horas para chegarmos ao Lombo Chão e à Seara Velha, os primeiros sítios que encontramos no Curral que se ergue abaixo da Igreja e do centro da freguesia. A subida até lá pode ser feita a pé, pelas veredas que passam por entre o casario.
