Decorria a bom ritmo a década de 90 do século passado, quando um grupo de cidadãos da parte alta da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos elaborou uma proposta para a elevação do lugar do Jardim da Serra a freguesia. Em 1996 essa pretensão viria a ser atendida pelo Governo Regional, vendo a população um sonho concretizado. Muitos desses habitantes foram os que nas últimas eleições autárquicas voltaram a confiar nas propostas da Valentim Marcelino Silva, que também fez parte desse movimento popular, e que está encarregue de dirigir os destinos da freguesia nos próximos quatro anos. Desde sempre ligado à Junta, já desempenhou vários papéis, tendo agora, passados 22 anos, a mesma dedicação e vontade de crescer e mudar que sentiu então. Ora, foi com ele que falámos para conhecermos um pouco melhor a mais jovem freguesia da Madeira.
A freguesia do Jardim da Serra foi criada a 4 de Julho de 1996. Valentim Marcelino Silva esteve desde sempre ligar à sua gestão.
Como é ser presidente da Junta de freguesia mais jovem da Madeira?
É com muito orgulho que assumo esse papel. Embora não seja novidade para mim, procuro receber os cidadãos sempre de forma disponível e autêntica, procurando solucionar e/ou encaminhar os seus problemas, muitas vezes em parceria com as entidades/instituições competentes para o efeito.
O Jardim da Serra é uma freguesia extensa. Quais são os principais problemas que afectam os seus “fregueses”?
Os problemas que mais afetam a freguesia e os habitantes do Jardim da Serra são, sobretudo, a falta de emprego. Do ponto de vista estrutural, a falta de saneamento básico e a necessidade de abertura de novos caminhos agrícolas são prioridade; bem como a ligação de diferentes vias dentro da freguesia. Sendo uma localidade notoriamente agrícola, é preocupante a praga que está a afectar as cerejeiras.
A emigração e a diminuição da natalidade é um problema que também vos afecta, certamente. Como lidam com estas questões no dia-a-dia? Estratégias e projectos para contrariar esta tendência?
A emigração na freguesia tem crescido muito nos últimos anos, sobretudo devido à falta de emprego, levando os cidadãos a abandonar, periodicamente, o Jardim da Serra. Este não é um problema só nosso, a falta de emprego infelizmente é alta na Região, atingindo todas as freguesias. Relacionado com este problema, surge a diminuição da natalidade, que não é alheia aos poucos apoios por parte dos governantes.
Há alguma aspiração para o futuro próximo? O que faz mais falta por aqui?
Temos várias aspirações para o futuro, umas mais prioritárias do que outras. A conclusão da Via Expresso é uma delas. Depois temos alguns novos caminhos agrícolas que também fazem falta, a requalificação do centro da freguesia. É prioritário, ainda, a melhoria da rede de saneamento básico. Para os mais jovens, faz falta um polidesportivo e um parque infantil.
A população reclama, também, novos abrigos de paragens e achamos ser também importante a reparação dos fontenários existentes na freguesia.
Olhando para o Jardim da Serra de hoje certamente encontra muitas diferenças com o Jardim da Serra de há 20 ou 30 anos atrás. Que aspetos realça?
É um facto. Hoje estamos muito melhor. Realço, desde logo, as novas acessibilidades, com a asfaltagem de muitos arruamentos e pavimentação de várias veredas. Uma melhoria foi também a que nos trouxe o Centro de Saúde ou a Fábrica da Igreja Paroquial de São Tiago. Este espaço onde estamos, o Centro Cívico, é também uma mais valia. É de realçar também a revitalização que nos trouxe o Hotel Quinta da Serra e a própria revitalização do comércio local, com bares e outros espaços comerciais bastante modernos e apelativos. Tudo isto, junto com o que já tínhamos, como os miradouros da Boca da Corrida e da Boca dos Namorados e toda a nossa paisagem são um contributo e uma mais-valia para o nosso desenvolvimento.
O que mais o marcou na sua infância aqui na freguesia? Há alguma lembrança que gostasse de partilhar connosco?
Na verdade, todos os momentos são marcantes. Mas saliento a chegada da água potável da rede pública e da energia eléctrica. Estes foram, sem dúvida, momentos marcantes. Depois, a mudança radical que se operou com a pavimentação das veredas e a asfaltagem das estradas.
Como foram vividos os tempos da criação da freguesia? Fez parte do movimento? O que vos guiava na altura?
Os tempos da criação da freguesia foram vividos com muita euforia, mas também com muita união, esforço e muita dedicação. Foi uma luta de, aproximadamente, 10 anos para conquistarmos a elevação da freguesia.
Na altura o que nos guiava era revindicar e lutar pela criação da freguesia. Esta foi, para mim, uma experiência inesquecível, porque sou filho da terra e adoro viver e trabalhar no Jardim da Serra e para o Jardim da Serra.
Sente orgulho em ser do Jardim da Serra. O que mais contribui para esse orgulho?
Sim, sem dúvida. Sinto muito orgulho em ser e pertencer ao Jardim da Serra. Nasci e cresci aqui. Esta é uma freguesia muito bonita e com um povo acolhedor. Os meus avôs maternos e paternos e os meus pais eram todos naturais da freguesia. Todas as minhas raízes são de cá, as quais contribuem para o orgulho de ser jardinense. Sou patriota e trabalho e luto pelos interesses da freguesia e do seu povo.
Como descreve a freguesia a quem não a conhece?
Não deve haver madeirense que não conheça o Jardim da Serra… Começo por dizer que a esta é a mais jovem freguesia da Madeira. É um lugar bastante bonito, com dois miradouros emblemáticos, o da Boca da Corrida e o da Boca dos Namorados; tem o luxuoso e carismático hotel de 5 Estrelas, Hotel Quinta da Serra, e, ao contrário do que muita gente pensa, é uma freguesia próxima da Cidade do Funchal. Mas para comprovar tudo isto, nada como uma visita.