Beto Martins
Beto Martins
São Roque do Faial é uma freguesia do município de Santana com quase 170 anos de história. Localidade cravada entre os vales das ribeiras de São Roque e da Metade desenvolveu-se como território desde a confluência das ribeiras, nos terreiros dos remotos engenhos de cana-de-açúcar, até ao Pico do Areeiro.
O labor, a perseverança e a fé fizeram dos primeiros Homens desta povoação pequenos criadores, construíram, pedra sobre pedra, cada um dos sítios dos cedros gordos, tendo-os posteriormente dedicado a São Roque, orago que por eles intercedeu na época em que foram afetados pela peste. Os cedros foram em tempos, árvores abundantes nesta freguesia, sendo o motivo da toponímia dos diversos sítios. Estas árvores (Juniperus cedrus) engalanavam todo este lombo e exalavam, aquele que também era o aroma dos aromas constituindo, aqui, um pequeno Jardim do Éden.
Aos mil e oitocentos e dezoito metros de altitude, encontramos o ponto mais elevado desta freguesia, onde se encontra a Estação de Radar N.º 4. Este local é ainda o ponto de partida ou chegada de um dos mais deslumbrantes percursos pedestres do arquipélago. No sentido descendente encontramos o sítio do Ribeiro Frio, onde a floresta Laurissilva envolve-nos, como quem abraça e presenteia-nos com as vistas do miradouro dos balcões. Na Achada do Cedro Gordo sentimos o pulsar do trabalho nos pomares que, em meados do outono, fará jorrar nos diversos lagares a sidra.
Percorrendo um caminho real até à Fajã do Cedro Gordo é possível encontrar duas pontes sobre a ribeira da Metade, a mais antiga, construída em pedra, com um único arco em volta perfeita e, a outra, mais recente, com uma arquitectura belíssima, que suporta a Estrada regional 103. Descendo no sentido do centro da Freguesia a vista panorâmica lança-nos para os vales verdejantes que separam São Roque do Faial das Freguesias do Porto da Cruz e do Faial, bem como sobre o promontório da Penha d´Águia.
A Igreja Paroquial dedicada a São Roque, erigida no Chão do Cedro Gordo em 1925, constitui o principal ponto de confluência para as celebrações religiosas nesta localidade. Esta construção veio substituir a primitiva, localizada no sítio dos Terreiros, onde atualmente existe uma ermida como reminiscência da igreja erguida no século XVI e devastada pela aluvião de 1883.
Tal como noutras localidades, em São Roque do Faial, cada família foi marcada pela experiência da emigração. As dificuldades acrescidas sobretudo pela distância dos centros urbanos, pela orografia acidentada e irregular e pela escassez de trabalhos fez desta terra o berço de muitos emigrantes que de cá saíram para vários países, sobretudo para a Venezuela, Brasil, África do Sul, Reino Unido e França.
Esta foi e é uma povoação dedicada e exigente, que se desenvolveu cultural e socialmente, desde tempos mais remotos até à actualidade. A envolvência da natureza, a arquitectura das casas e das infraestruturas, as manifestações culturais e religiosas, a acessibilidade aos serviços de saúde e educação e o moddus vivendi das pessoas configuram, actualmente, esta freguesia aprazível para visitar, estar e viver.