Há os que nos fazem bem. Lugares onde as relações são mais que formalidades e são sobretudo genuínas, espontâneas. Onde as pessoas existem, onde o respeito é recíproco, independentemente de cargos ou estatutos. Onde a esperança se cultiva, o humanismo vigora e a dignidade é a verdadeira “lei”. Não apagando as trevas de outras paragens, agora longe, para teu bem, são estes lugares que te ajudam a dar uma merecida chance à tua vontade genuína de confiar nas pessoas, nas relações e na vida em sociedade. Além dos sítios onde as pessoas que se orientam por condutas éticas, veem-se obrigadas a sair para que brilhe a trapaça e os jogos de poder, existem aqueles lugares onde encontras estímulos à livre expressão. Lugares de verdade. Existem lugares onde o cuidado e o respeito promovem a tua vontade de estar presente e de ajudar com todas as tuas forças.
Entre contextos movidos por egos e interesses cegos de escalada a todo o custo, existem aqueles onde se desenvolvem trabalhos sérios, onde se faz das diferenças o início de processos de construção, num verdadeiro sentido de equipa e numa base humanista de ação.
Entre lugares onde o poder é visto como via de impunidade moral para qualquer tomada de decisão, existem aqueles onde as relações são mantidas com a possibilidade de livre expressão, com comunicação direta, aberta, franca, verdadeira e sistemática.
Onde encontrares pessoas que se esforçam por apaziguar-se na tua memória, fica. E ficar não significa perpetuar a relação tida num dado momento da vida. Trata-se, sobretudo, de saber que se terminar, resultou num processo positivo, de crescimento mútuo, com respeito pela dignidade recíproca, pelo direito de autodeterminação e de interesse genuíno. De existência.
Nada é eterno, mas a forma como se constroem memórias é muito importante. Naturalmente seguimos sempre outros caminhos. Mas enquanto houver memória, haverá sentimentos, pensamentos, decisões e ações – vida. E é com esse processo que te assiste lidar. E não são apenas os “Putins” de longe. Também há “Putins” perto dos nossos quintais.
É de agradecer, portanto, quando se encontram espaços e pessoas facilitadoras da nossa vontade genuína de amadurecer, existindo. De contribuir, exprimindo. E de somar, dividindo.
Hugo R. Fernandes (Psicólogo)