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As alegrias que os emigrantes nos davam

7 Setembro, 2018 às 16:47
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Sónia Gonçalves

Apesar do verão quente, o verde ainda consegue predominar os cenários verdadeiramente espetaculares que a pitoresca paisagem do Jardim da Serra oferece.

Do quintal da casa dos meus pais, absorvo toda esta tranquilidade e contemplo a casa dos meus avós, que vai ser novamente habitada. Será ocupada por familiares que estiveram durante muitos anos emigrados.

Vêm-me inevitavelmente à memória as muitas histórias que a minha mãe me contava sobre a euforia da chegada de um venezuelano, um brasileiro, alguém da África do Sul ou de qualquer parte do Mundo. Alguém que viesse ‘de fora’ e trouxesse uma prenda. Uma vez que, nos tempos de infância e adolescência da minha mãe, pouco havia na Madeira, e muito menos no Jardim da Serra, qualquer coisa era muita coisa!

Nos anos 60/70, quando chegava um emigrante, o “carro da praça” (táxi) anunciava a todos a chegada com buzinadelas. As pessoas saíam do conforto das suas casas a correr. Iam até à tasca para aproveitar a oportunidade: quem vinha de férias ou “de vez” pagava uma bebida a todos os que lá estivessem.

Depois, lá em casa, o coração batia forte até ao abrir da mala. De madeira ou de plástico, mas sempre grande. O que estaria lá dentro? Café? Farinha? Doces? Bonecas? Tecidos? Roupas? Cintos? Lenços de seda? Ou outros souvenirs…? Chaveiros? Isqueiros? Corta-unhas? Enfim, as coisas mais inusitadas que podemos imaginar!

Mas o entusiasmo não era apenas vivido quando os emigrantes chegavam. Mesmo de longe, conseguiam alegrar a população.

O carteiro, de apito ao pescoço, trazia as novidades…

Parava na Cruz e, conforme combinado com os vizinhos, apitava o número de vezes correspondente ao destinatário, caso houvesse “novas”. Era nesta correspondência que chegava muitas vezes o dinheiro, em cheque normalmente. Muitas famílias dependiam desta ajuda dos familiares.

Trazia inúmeras vezes emoção nas “cartas de chamada”, um passe para a concretização do “sonho americano”. Com este, podiam entrar nos países que ansiavam.

Entregava, também, simples manuscritos, com notícias da família e fotografias dos entes queridos.

Hoje, a escassez de bens na minha terra natal contrasta com as memórias que todos temos de outros tempos, onde a abundância e até os excessos eram frequentes. Relatos de familiares e amigos que residem na Terra de Bolívar, assim como notícias e inúmeras publicações nas redes sociais, são uma constante que dura há demasiado tempo.

Quando ainda não havia telefone ou poucos tinham acesso a esta forma de comunicação, era nas mercearias (vendas) que as pessoas rececionavam as chamadas verdadeiramente importantes. O anúncio do telefonema e o impasse de espera até à segunda chamada provocava traquicardia!

Volto a contemplar toda a paisagem à volta da casa dos meus avós, desde o quintal, e respiro fundo. Memórias…

Estas histórias que a minha mãe me contava estão muito presentes no meu dia-a-dia porque, embora tenham sofrido algumas variantes, eu própria vivi situações muito semelhantes.

Sou venezuelana, os meus avós e pais foram emigrantes. Lembro-me de, na vinda do aeroporto, embora sem buzinadelas, pararmos na mercearia para o meu pai pagar a bebida a todos os que lá estavam. Nas malas, não faltavam chocolates, pacotes de café Fama de América e de Harina Pan, assim como “recuerdos” para todos os familiares. A Venezuela, na altura, tinha tanto para oferecer…

Hoje, a escassez de bens na minha terra natal contrasta com as memórias que todos temos de outros tempos, onde a abundância e até os excessos eram frequentes. Relatos de familiares e amigos que residem na Terra de Bolívar, assim como notícias e inúmeras publicações nas redes sociais, são uma constante que duram há demasiado tempo. As fotos das prateleiras vazias nos supermercados e os vídeos virais que marcam a boa disposição latina conseguem sempre entristecer-me e deixar-me com lágrimas nos olhos.

Hoje, os meus “paisanos” (tenho dupla nacionalidade) veem-se obrigados a assumir um comportamento migratório indesejado em busca de sobrevivência.

Hoje, os venezuelanos são malvistos e rejeitados por alguns dos seus países vizinhos, que os maltratam, os desprezam, os inferiorizam.

Hoje, infelizmente, também na nossa ilha, um preconceito inexplicável faz com que a comunidade lusodescendente seja olhada com algum desdém. Muitos partem para Espanha, defraudados, procurando em Madrid ou noutra cidade espanhola uma vida melhor.

Mas as pessoas que criticam a comunidade luso-venezuelana que regressa e os supostos prejuízos que esta traz à Região, esquecem-se que um dia os pais e avós destes em muito contribuíram para o evoluir da economia madeirense. Mandavam dinheiro e injetavam capital na nossa economia. Mas alguns madeirenses parece que têm, quando querem, memória curta!

Esquecem-se ou não querem lembrar-se que o sucesso que os emigrantes tiveram na Venezuela deveu-se a um trabalho árduo, muitas vezes a roçar a escravidão, pois naquele país fazia-se dinheiro, é verdade, mas para fazê-lo era (e é) preciso trabalhar muito. Se não fosse assim, os venezuelanos estariam todos ricos… O petróleo seria mais bem aproveitado!

E parece que não querem admitir que muitos dos postos de trabalho que os luso-venezuelanos ocupam, principalmente jovens da segunda e terceira geração – quando não se tornam empresários – são precisamente os que alguns madeirenses rejeitam: nos supermercados, na hotelaria, etc.

Portanto, vamos todos perceber de uma vez por todas que não há apoios extraordinários para os luso-venezuelanos que venham para Portugal se estes tiverem possibilidades e que o Estado reconheceu, em abril de 2017, aos luso-venezuelanos netos de cidadãos nascidos em Portugal o direito a serem portugueses. Logo, são tratados como qualquer outro cidadão português.

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