Colocando-se ao lado da população, o presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz (CMSC) e o presidente da Junta de Freguesia do Santo da Serra (JFSS) juntaram-se à meia centena de populares que levaram por diante a ‘manifestação’ promovida com o intuito de mostrar o seu descontentamento face ao mau funcionamento da farmácia, temendo o seu encerramento.
Esta é uma situação que não é nova, mas que “nos últimos tempos tem vindo a agravar-se”, diz-nos José Reis, presidente da Junta de Freguesia.
Prateleiras vazias, incumprimento de horário estipulado, exigências de pré-pagamento dos medicamentos, estas são apenas algumas das queixas da população do Santo da Serra em relação à única farmácia que existe na freguesia.
Filipe Sousa espera que esta não seja “uma vingança” dos proprietários, perante as sucessivas ‘derrotas’ litigiosas face à pretensão de deslocalizar o estabelecimento para a freguesia do Caniço, deixando desprotegida uma população maioritariamente idosa e com dificuldade de se deslocar até às freguesias vizinhas para compra de medicamentos.
De resto, o presidente da Câmara fez saber que já deu conhecimento desses incumprimentos à Ordem dos Farmacêuticos, e está em preparação uma petição que vai ser subscrita pela Câmara e pela Junta para ser enviada ao Governo Regional, que, segundo ele, também está ao lado da população. “Isto aqui não há questões políticas, mas sim o cumprimento do serviço que a empresa se comprometeu prestar”, salientou.
A solução poderá tardar, mas Filipe Sousa não abdicará deste serviço público, nem que, em última instância, seja a própria Junta ou a Câmara Municipal a prestá-lo. Antes de uma medida desse género, fez saber que caberá aos proprietários da actual farmácia renunciar ao alvará que possuem para que alguma das empresas interessadas possam explorar um estabelecimento do género no Santo da Serra.
População não desiste
O descontentamento com o mau serviço prestando pela farmácia do Santo é generalizado, pelo menos foi o que conseguimos auscultar junto dos populares que marcaram presença no centro da freguesia.
Rosa Gouveia, por exemplo, queixa-se da falta de medicamentos e do horário irregular. “Ainda no domingo procurei comprar um medicamento para uma infecção que eu tinha, a proprietária mandou-me comprar a Machico ou então que fosse com o presidente que é ele que está a empatar isto tudo”, contou-nos. “Até no posto que tínhamos antes havia mais medicamentos”.
Albino Vieira é outro dos descontentes. Diabético, este utente sente-se obrigado a dirigir-se a outra farmácia para poder comprar os medicamentos indispensáveis para a sua saúde. “Temos de ter uma farmácia que funcione realmente”, sentencia.
IASAUDE não tem conhecimento
Contactado o Instituto de Administração da Saúde (IASAUDE), ficamos a saber que o processo de deslocalização da Farmácia do Santo já se encontra encerrado, cabendo novos pedidos à Secretaria Regional da Saúde, e que não têm conhecimento de alegados incumprimentos no serviço que agora é prestado à população, nem tão pouco existe qualquer queixa ou reclamação.
Proprietários incontactáveis
Perante os alegados incumprimentos, o ‘Diário das Freguesias’ procurou chegar à fala com os proprietários, sem sucesso. Não só as chamadas telefónicas não tiveram resposta, como no próprio estabelecimento, perante a ausência dos patrões, as funcionárias recusaram qualquer declaração. No exterior da farmácia, nota para várias tarjas colocadas pelos proprietários com mensagens que alegavam entraves ao invés de soluções, desrespeito pela propriedade privada, recusa de diálogo e favorecimentos políticos.