29 anos depois da sua elevação a freguesia, a Ilha caminha a passos largos para a desertificação. Nem as 21 crianças e jovens que ali residem, actualmente, animam as estatísticas. “Há sítios onde vivem apenas duas ou três pessoas”, diz-nos um dos habitantes que fomos encontrar perto do único bar que mantém as portas abertas no centro da freguesia.
Olhando os números, facilmente conseguimos perceber o motivo destas apreensões. Se em 1991 viviam por ali 480 pessoas, estes valores têm caído a cada levantamento feito: 2001 passaram para 358; em 2011 já só eram 255. Hoje, pouco mais de 7 anos depois, contam-se apenas 170 habitantes, diz-nos o presidente da Junta, José Gomes Luís. “Os mais novos partem à procura de uma vida melhor, quem por aqui fica vai tratando da terra, mas já nem isso serve de sustento, pois as directivas comunitárias vieram impor muitas restrições ao sector primário. Hoje já quase ninguém se dedica aos vimes, à produção de vinho ou de leite”, refere, recordando actividades que já tiveram grande relevância na economia local.
A regularidade dos transportes públicos e o horário da missa são o pouco que ainda ajuda a alimentar uma rotina que já nem o sol ou a chuva querem respeitar. O sossego e a pacatez do local são apenas atractivo para os turistas que por ali passam vindos do Pico Ruivo, do Caldeirão Verde ou das Queimadas. As estradas, quando existem, são quase sempre sem saída, revelando o isolamento que os seus habitantes sempre estiveram votados.
Quando questionado sobre o que ainda faz falta à freguesia, além de pessoas, José Gomes Luís refere a construção e melhoria de algumas acessibilidades, nomeadamente na Lombada do Meio, cuja obra deverá ser executada pela Câmara Municipal de Santana neste mandato, depois de consecutivos adiamentos nos mandatos anteriores. Junta-se a este a ligação ao sítio da Achadinha. De resto, as grandes infraestruturas já existem.
A política de proximidade é uma necessidade. Mas falta dinheiro para mais. Limpar caminhos e veredas, colocar varandins ou arranjar algum degrau são os trabalhos que ocupam os colaboradores da Junta de Freguesia, que ainda assim, ‘estica’ o parco orçamento ao máximo. “Este ano devemos receber um pouco mais da Câmara, pois as verbas a transferir serão um pouco superiores”, refere-nos José Luís.
Sessão solene e presentes
Dentro das suas limitações orçamentais, a Junta de Freguesia apoia o nascimento de uma criança com 500 euros, “mas é claro que isso é muito pouco para as despesas de um casal. Mas não podemos dar mais”, confessa-nos o presidente. Este ano, para assinalar este aniversário, resolveram dar um presente a todas as crianças e jovens estudantes da freguesia, dos vários níveis de ensino, entre os 50 e os 100 euros.
Para hoje, está agendada a missa solene às 9 horas, seguindo-se a sessão solene no Salão Paroquial, que vai ser abrilhantada pela actuação do Grupo Folclórico da Casa do Povo de Santana.