Ser jovem sempre foi algo muito difícil. Todos nós já o fomos, somos, ou seremos um dia. É uma fase cheia de incertezas e angústias, onde o que é certo hoje pode ser errado amanhã.
Nunca sabemos o que nos vai reservar o futuro e ter em cima das nossas costas o peso de uma decisão que, certamente, irá mudá-lo, carrega consigo uma enorme ansiedade e tensão. Dizem-nos que estudar dá mais oportunidades, mas são demasiados os licenciados, mestres e doutores desempregados ou que não encontram trabalho na área para o qual sempre sonharam e que depositaram noites sem dormir, cansaço em demasia, ansiedade e pressão. Fazer o 12º ano e começar logo a trabalhar parece uma solução muito mais fácil mas, ao mesmo tempo, trás, consigo, o medo de um trabalho precário e instável.
O desemprego atormenta qualquer um. Mesmo que estudemos anos a fio, nunca é certo que teremos um emprego. Os jovens de hoje em dia estão perante um mundo de trabalho que pede pessoas novas, com uma mentalidade aberta e novas ideias, mas com, ao mesmo tempo, uma vasta experiência nesse mesmo mercado. Ora, aqui, estamos perante um certo antagonismo. Se analisarmos as taxas de desemprego, por grupos etários (menos de 25; 25-54; 55-64), reparamos que, desde 1983 a 2019, o grupo que possui uma maior taxa é o de menos de 25 anos e, nos anos de crise a diferença tende a acentuar muito mais: em 2011 era 30,2% para os desempregados com menos de 25 anos; 11,9% para 25-54 anos; 10,8% para 55-64 anos (Fonte: PORDATA).
Todos já ganhamos consciência que se avizinha uma inevitável crise financeira (mais uma) e que a mesma não será fácil de ultrapassar, pois estamos numa fase de completa incerteza e não sabemos quando voltaremos a poder viver o nosso “normal”. Segundo o IEFP (Instituto do Emprego e Formação Profissional), “O total de desempregados registados no País foi superior ao verificado no mesmo mês de 2019 (+103 763; +34%) e também face ao mês anterior (+16 611; +4,2%) ”.
Como jovem, que está no seu último ano de licenciatura, admito que tenho medo. Esta fase está longe de acabar e os efeitos da mesma já se estão a sentir na nossa economia. O desemprego já está a crescer e pergunto-me “o que será o futuro dos jovens num mundo onde o medo impera?”.
Mafalda Andrade, estudante