Sandra Araújo
Sandra Araújo
As noites frias de inverno estão a aproximar-se e à memória vêm recordações da minha infância.
As brincadeiras com o meu fiel cão preto, oferecido quando ainda não saía do berço e que me acompanhou até aos 9 anos… Até para a escola o queria levar!
Os gatos que brincavam a tentar desarranjar a boina do meu pai… o “rapar” do resto da massa do bolo… o desfolhar das acácias até as pontas dos dedos ficarem esverdeadas… fazer “casinhas” no meio do arvoredo e imaginar onde cada quarto iria ficar… brincar às escondidas com a tia Rosa… jogar ao “balamento” para ganhar as amêndoas… as “quesilhas” entre irmãs a ver quem dava o 1º beijo ao pai após ele desfazer a barba… aprender o ponto cruz com as mãos experientes da mãe… tantas recordações!
E ao nível que ia crescendo novas recordações foram-se formando… lembro-me de, numa missa cantada pelos jovens, quando foi introduzida bateria e … como diz o ditado… “primeiro estranha-se, depois entranha-se”! As escadinhas para o altar ficavam cheias dos meninos que após a catequese tentavam ficar por ali… Ah! E os ensaios para as peças de teatro que ora em vez, enchiam o salão paroquial de risos… tantas recordações!
O tempo não para… os anos passaram e na tropa decidi ingressar… meu pai não gostou muto da ideia, mas lá na brincadeira ia-lhe dizendo … “ – Entre quatro filhas, alguma tinha que ir á tropa!”… afinal fomos duas!
Andava “perdida” pelo Entroncamento e Lisboa quando recebi a notícia… era tia! Obrigada mana mais velha!
Dos anos de tropa, mil e uma recordações tenho… depois decidi seguir os passos da outra mana e formei-me em Ensino Básico… encontrei aquilo que poucos conseguem, ter um trabalho mas não o sentir como tal… quando se gosta… gosta-se!
De todos os meus “meninos”… tantas e boas recordações…
E, agora fazendo um balanço de todo este percurso, sei onde tudo começou, não esqueço e tenho orgulho da terra que me viu nascer, crescer e concretizar os meus sonhos. Dos sorrisos das suas gentes, da alegria de toda a minha vivência… do sentimento de pertencer a uma pequena aldeia que não esquece… que guarda no calor das recordações risos e lágrimas, anedotas e sermões…
O Santo da Serra é o lugar de aconchego e paz… é o lugar onde me sinto em casa… posso estar a quilómetros de distância, mas “casa” é o que se sente no coração!
Obrigada Santo!