Servi um presidente e uma vereação com responsabilidades assumidas. Eles sim, no melhor do que sabiam e se empenharam, serviram o Município da Ribeira Brava, nos pelouros atribuídos.
Não servi uma freguesia. Fiz, sim, parte de um grupo de deputados de assembleia. Que trabalhou para, de forma construtiva auxiliar o executivo a executar as políticas que lhes competia.
Porque um presidente ainda é um presidente. Um assessor ainda é um assessor. Um deputado ainda é um deputado. E a constituição portuguesa é assente em valores democráticos.
Nos dias que correm, a desinformação ameaça a democracia. Não podemos, por isso, calar a voz para deixar prevalecerem atitudes de engano, de opressão, de autocracia e egocentrismo. Mesmo que nos tentem paralisar pelo medo.
Daqui por um século talvez ninguém se lembrará de nós, mas os nossos descendentes ainda viverão resquícios das nossas decisões individuais, sociais e políticas. Isto apela, por isso, a uma consciência intergeracional.
Não nos podemos vergar à ameaça e ao ataque. Precisamos de nos unir.
Não podemos confundir quem cria guetos e tribos, não por direitos legítimos de minorias, mas tão somente para alimentar a obsessão pelo poder.
Se não o fizermos, corremos o risco de perder o que os nossos antepassados, tanto passaram para conquistar. A autonomia e a liberdade. A tolerância de podermos errar, de podermos existir, sem sermos queimados na fogueira. E as fogueiras reinventam-se.
Este é um ano decisivo para pensarmos bem entre o que é o sentido democrático (de cooperação, discussão e consensos), do sentido autocrático, do poder pelo poder (da acusação barata, da ameaça, do denegrir), na tentativa de secar para “reinar”.
Caso não façamos isto, corremos o risco de vivermos o nosso último dia de liberdade, outra vez.
Hugo Fernandes