A Junta de Freguesia do Seixal foi pequena para tantos convidados e curiosos que não quiseram perder a apresentação do livro de Manuel Luís Mendes, filho da terra e ilustre conhecido na freguesia do Seixal.
‘O Comprador de Diamantes’ é a mais recente obra deste autor, depois de em 2001 ter lançado ‘Selva de Memórias’.
Paulo Gilberto Camacho, revisor de ‘O Comprador de Diamantes’, foi o responsável pela apresentação da obra a todos os presentes na Junta de Freguesia do Seixal.
O apresentador começou por lembrar que o ano de 1949 foi provavelmente o ‘ano chave’ da vida de Manuel Luís Mendes, pois foi naquele ano em que atingiu a maioridade e zarpou rumo a Santos, no Brasil, em busca de melhores condições de vida.
Seis anos depois trocou o Brasil pela Venezuela, onde trabalhou em minas de diamantes. É precisamente a labuta na Venezuela que está no epicentro do assunto desta obra que, num raro registo de imaginação e observação, adiciona aqui e ali alguns apontamentos de ficção de forma a melhor ilustrar não apenas ‘tramas e imbróglios’ do ‘modus vivendi’ dos exploradores e vendedores de diamantes na Venezuela, como também todo o percurso que fazia chegar os diamantes à Europa, a fim de serem lapidados.
Paulo Gilberto Camacho foi mais longe e comparou Manuel Luís Mendes a Ferreira de Castro, um dos maiores vultos da literatura portuguesa, não apenas pela semelhança nas habilitações literárias, mas também por todo um percurso de vida dedicado à emigração que em muito contribuiu para o resultado das obras publicadas.
Descrita pelo apresentador como “uma obra fascinante, com alguns momentos intensos, onde, dos factos, não falta a informação e contra-informação, misturando-se, por vezes, negócios e política, a que se juntam lugares imaginados por Manuel Luís Mendes, num raro exercício de imaginação e sentido de observação do autor”.
Com 90 anos, Manuel Luís Mendes diz não se considerar um escritor, apesar do lançamento de dois livros, pois refere “tenho apenas a quarta classe”.
O autor de “Selva de Memórias” e “O Comprador de Diamantes” recorda que por várias vezes foi desafiado, por amigos e familiares, para a escrita de um livro, tantas eram as histórias de vida que tinha para contar, e confessa que o mais difícil foi começar, uma vez que no dia do lançamento da sua segunda obra confessa que a terceira já está escrita, faltando apenas o processo de edição da mesma.
O autor recordou ainda o saudoso amigo João Adriano Ribeiro, também ele natural da freguesia do Seixal. “No meio das suas funções de Historiador, Professor na Universidade da Madeira e autor de dezenas de obras publicadas, muitas delas dedicadas às tradições, vivências e pessoas ilustres das várias freguesias da Madeira, tenho o privilégio de poder dizer que o meu amigo João Adriano Ribeiro foi ainda o escritor do prefácio desta obra que hoje aqui apresentamos”.
Luísa Cristina Novais, Presidente da Junta de Freguesia do Seixal, desafiou os seus fregueses a dar largas à imaginação para que, também eles, pudessem escrever obras próprias, e referiu que o espaço da junta de freguesia está aberto e disponível para todos aqueles que queiram expor as suas obras, quer sejam literárias, pinturas, trabalhos em croché, artesanato entre outras.
Na cerimónia de apresentação, além da presença de várias entidades da Câmara Municipal de Porto Moniz e da Junta de Freguesia do Seixal, estiveram presentes várias personalidades do concelho e da freguesia.