Por muito dramático que seja o cenário demográfico num território que nos últimos 35 anos perdeu mais de 40% da população residente e que em 2017 liderou as taxas de mortalidade; por muito envelhecida que esteja a população – o índice de envelhecimento na Região era de 118 idosos por cada 100 jovens, sendo São Vicente e Santana os municípios mais envelhecidos (242 e 241, respectivamente); por muito que o êxodo rural assuste e a descentralização demore, a Costa Norte tem futuro.
Para tal terá que ser capaz de manter talento, capaz de conjugar tecnologia com a tradição, educação com conhecimento; garantir gestores de apoio às pessoas cada vez mais sós; transformar escolas em estruturas residenciais; educar os jovens para a agricultura rentável, que dê continuidade à imagem incontornável da ilha verde e cultivada e que combata o abandono da terra; repensar a organização administrativa actual, mais numa lógica Norte-Sul; reorganizar serviços de saúde de modo a ter, por exemplo, “urgências básicas” em pontos específicos; apostar na criação de empregos que fixe as pessoas ao território; ter projectos culturais geradores de atractividade e de eventos genuínos, que não se confundam com a descaracterização reinante em alguns concelhos; investir a sério na investigação; formar novas lideranças; ser autêntico.
O optimismo sustentado nas potencialidades naturais; especificidades, valores, segurança e qualidade dos três concelhos nortenhos marcou o debate na segunda edição do Congresso ‘São Jorge – Memória e Futuro’ que decorreu anteontem e ontem no auditório da Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos de São Jorge. O futuro foi perspectivado pelo médico Eduardo Freitas, pelo historiador Eduardo Franco, pelo engenheiro Gonçalo Caldeira, pela professora Matilde Fernandes, pelo director hoteleiro Pedro Costa e pelo ex-autarca e actual líder de projectos de intervenção social, Rui Moisés. Gente que acredita que o melhor do Norte está ainda para vir.