António João Gonçalves
António João Gonçalves
A olho nu, os pontos cardeais e o que cada quadrante entre estes abrange de referências (marcas) da freguesia de São Roque! O que a gente tem, “coisas” que dão vida e têm nome!
Paro! Viro-me para o lado da serra e abro os braços para determinar as referências que me dão os pontos cardeais desde o lugar em que me encontro.
O espaço alvo, abrange todos os sítios da freguesia.
À minha frente, uma linha leva-me a ter como referência a Norte, o “fim do caminho”, uma estrada em pedra que começa acima da capela da Alegria e que sobe encosta acima indo ter quase ao inicio da levada da Serra da Alegria.
A Sul, tomo como referência uma urbanização de luxo que “nasceu” numa zona que eu em pequeno conhecia como a “Quinta do Rocha Machado” e que era então uma vasta área de terreno dividido em grandes socalcos onde estavam plantadas grandes quantidades de estrelícias.
A Este, a minha mão leva o meu olhar a uma linha que aponta a uma das grandes referências da freguesia, a Quinta da Alegria, hoje já com construções mais recentes, aparecidas na época do fulguroso turismo rural, mas que era inicialmente composta de amplos terrenos de cultura e jardins, possuía apenas uma pequena casa de veraneio e uma capela (a de Nossa Senhora da Alegria).
A Oeste, o meu horizonte visual guiado pelo meu braço esquerdo e apontado pela mão canhota leva-me até às antigas ruinas da casa do Sr. Pereira, um senhor que foi “vigia da serra”. Mas São Roque não é só isto. Em cada quadrante formado entre linhas imaginárias que determinam os pontos cardeais, muito se vê do que a freguesia tem e que lhe dá nome e a põe no mapa como uma freguesia de referência. Há sobretudo gente que nela habita e faz!
Entre Norte e Oeste, o Montado da Esperança, um local de enorme potencial por desbravar, o Soito, as serras, infelizmente despidas, um campo de jogos desprezado, levadas agora entubadas, veredas perdidas.
Entre o Oeste e o Sul, vemos as escolas, uma do primeiro ciclo, outra dos 2.º e 3.º ciclos, umas enormes estufas agrícolas que fazem chegar às mesas de restaurantes e não só alguns produtos hortenses, dois conjuntos habitacionais, um da CMF outro da IHM, este “nascido” nuns antigos terrenos onde me lembro ter havido uma exploração avícola e onde hoje em época de Natal se pode visitar um grande presépio, dos maiores do Funchal realizado pela Associação Cultural e Recreativa do Galeão.
Avisto ainda o Centro de Saúde da freguesia, as instalações da PSP na Penteada e ainda mais ao longe chama à atenção as enormes instalações do Centro de Reabilitação Psicopedagógica da Sagrada Família, a Urbanização da Penteada onde se encontra junto a esta um mercado municipal (o da Penteada) que inclui uma série de serviços entre os quais o de supermercado, bancário e o dos CTT, um campo de jogos e umas hortas urbanas.
Não vejo mas lá está, a sede do muito dinâmico Grupo Desportivo Azinhaga, a capela de Santana e mais abaixo, um restaurante de renome, “A Parreira” e uma farmácia. Engloba ainda estas linhas imaginárias, o Tecnopólo e a Universidade da Madeira.
Continuando o Círculo imaginário sobre a freguesia, refiro-me agora ao quadrante Sul/Este.
Sobressai logo o monumento mais imponente da freguesia, a igreja, um grande edifício que hoje serve entre outros, de local de formação de quadros e armazém duma grande rede de distribuição a operar na Madeira, o Pingo Doce, o afamado miradouro e restaurante típico e de fama com o mesmo nome. Ainda a casa e salão paroquial, a sede dos escuteiros, uma moribunda casa à espera do cumprimento de uma promessa para poder ser usada pelo Recreio Musical União da Mocidade (instituição esta também localizada neste quadrante Sul/Este), as instalações do grandioso Grupo Desportivo de São Roque, o Parque Desportivo, a Rotunda do Encontro, e a Escola do Lombo Segundo, uma bomba de gasolina.
Lá ao longe não avisto mas está o enorme prédio que aloja um grande supermercado duma outra grande rede de distribuição, Continente, e uma grande loja de um grande grupo empresarial internacional, a Conforama, a Estação de Transferência e Triagem de Resíduos Sólidos do Funchal. Cabe ainda neste espaço visual a Quinta de São Roque no Muro da Coelha que é agora pertença da Universidade da Madeira, a Capela da Conceição, a Capela de Nossa Senhora do Rosário ao abandono e quase a desaparecer, a Empresa Horários do Funchal, a empresa Moinho de São Roque, uma padaria (Martins), o recente Centro de Dia da Casa do Povo de São Roque, a Junta de Freguesia e um supermercado de renome que foi buscar nome à freguesia e ainda a empresa ICpublicidade. Ainda se encontra desde há 22 anos, uma empresa especializada na comercialização de frutos secos, aperitivos, confeitaria, doçaria e bebidas (Sódoces).
Falta-me agora referenciar o último quadrante, o limitado pelas linhas imaginárias Este e Norte. Os enormes “Poços” da CMF na Terça e uma imensa serra ainda muito combalida pelos incêndios que muito mal fizeram às serras de São Roque como infelizmente a outros muitos lugares da cidade, a Quinta da Alegria a que me refiro no inicio do texto, a Estação Tratamento de Águas da Alegria que alimenta alguns reservatórios municipais para abastecimento da rede pública e a conduta da Cota 200 que permite transferir água entre Funchal, Câmara de Lobos, Santa Cruz e Machico.
“Salpicam” ainda todos estes quadrantes, muitos bares, muitas oficinas auto e de madeira, cabeleireiros, etc. Tudo isto, para num exercício fácil, o de referenciar os pontos cardeais a partir de onde me encontro e mais importante que a precisão das linhas que a olho nu tracei, chegar a esta conclusão: muitas vezes nem damos pela dimensão e quantidade das “coisas” que nos rodeiam, que directa ou indirectamente nos dizem respeito ou dependemos delas, que dão vida aos lugares por onde andamos ou habitamos. Em São Roque não se foge à regra.
Rico pelo seu povo e pela diversidade de “coisas” que o compõe e tem para oferecer a quem nele habita ou por lá passa, esta freguesia não sendo das maiores do Concelho de que faz parte, tendo já muito a todos os níveis (pessoas, bens e serviços) continua aberto a quem queira por aqui ficar dando-lhe vida, inovando-lhe e enriquecendo-o. Há uma imensidão de coisas já feitas, refeitas e a “nascer”, mas como parar é morrer, máxima válida para pessoas e lugares, São Roque tem sempre espaço para mais “um” e agradecerá se esse lhe vier enriquecer fisicamente, socialmente, culturalmente ou mesmo se tornando num simples habitante da freguesia que agradece e espera investidores mas estima ainda mais as pessoas!