De manhã ou ao final do dia, a verdade é que a tradição tem vindo a ser adaptada, fruto das agendas preenchidas dos sacerdotes ou das exigências dos fiéis. Ainda assim, a essência mantém-se, asseguram-nos alguns dos padres que têm a seu cargo mais do que uma paróquia e que se vêem forçados a celebrar as missas do parto ao final do dia.
A par do horário, também o número de missas vai sofrendo ajustes, alargando-se o formato, tantas são as solicitações de diferentes entidades para que sejam tidas em conta as suas intenções numa das celebrações religiosas.
Mas há paróquias que procuram manter a tradição, nomeadamente a realização de romagens, nos momentos que antecedem as celebrações, curiosamente muitas delas na cidade do Funchal. Por exemplo, na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus (Boa Nova), cada sítio organiza a sua própria romagem no dia que lhe é designado. De manhã bem sendo, juntam-se num local previamente combinado e dali partem rumo à igreja, tocando vários instrumentos e entoando cantigas tradicionais do romanceiro popular desta quadra.
Outro exemplo é o da Paróquia da Graça, onde se mantém, todos os anos, a relização de uma missa por intenção dos pastores. A organização cabe, habitualmente, à Associação de Pastores das Serras de Santo António, São Roque e Areeiro. Este ano, esta missa acontece no próximo domingo, dia 16, Às 6 horas da manhã. Os pastores já não vêm da serra, é certo, mas fazem-se acompanhar das suas ovelhas, que colocam num curral improvisado criado dentro da própria igreja. Muitos são os textos bíblicos que aludem à visita dos pastores ao Menino Jesus, aquando do seu nascimento, aspecto que este grupo de criadores de gado procura recriar a cada Natal.
José Gomes, membro daquela associação, disse ao ‘Diário das Freguesias’ que “esta é a única paróquia onde os pastores continuam a levar o gado até à igreja, em romagem”, numa tradição que se perde nos tempos, sendo já aguardada por muitas pessoas que reservam este dia para uma ida à Paróquia da Graça.