O processo de compra da Capela do Bom Despacho, no Campanário, por parte da Paróquia está em curso, tendo já sido assinado o ‘Contrato-Promessa Compra e Venda’ entre as partes.
O ‘Diário das Freguesias’ sabe que em causa estão cerca de 400 mil euros, num negócio que inclui não só a referida capela, mas também uma moradia anexa, algum terreno e o recheio do tempo religioso.
Para angariar a verba necessária à concretização da compra, a Paróquia do Campanário tem levado a cabo algumas iniciativas no seio da comunidade local. A mais recente, conforme revelou o padre Adelino Costa, foi um sorteio de rifas. A par disso, confirmou o pároco, têm sido feitos alguns peditórios, bem como recolha de donativos junto da população. Sem revelar que montante foi angariado até à data, o padre mostrava-se confiante na concretização do negócio.
De referir que esta capela sempre esteve em mãos privadas, tendo sido colocada à venda pelos seus actuais proprietários, que a terão recebido de herança. Perante este cenário, e dando seguimento a um desejo antigo da população e da própria Paróquia, o pároco local tem desenvolvido todos os esforços para proceder à compra imóvel, mesmo perante os constrangimentos financeiros que possam estar inerentes, não tendo sido posta de parte a realização de um empréstimo bancário.
Uma das condições que terão sido impostas pelo padre Adelino Costa para a concretização da compra foi a inclusão da moradia anexa, actualmente em ruínas, cuja data de construção não foi possível precisar, mas cujo levantamento inicial aponta para o século XVII. Este imóvel possui algumas características estruturais relevantes, entre as quais um forno, um lagar e uma cisterna, que a Paróquia terá interesse em recuperar.
O ‘Diário das Freguesias’ sabe que para o local está pensada a criação de um pequeno núcleo museológico, cuja ideia ainda carece de amadurecimento, mas que é bem aceite pela população, que vê nesta possibilidade uma forma de dinamizar a freguesia e disponibilizar mais um pólo de atracção local.
Capela do século XVII
A capela do Bom Despacho é um imóvel religioso do século XVII, de arquitectura maneirista e tardo-barroca, fundada no ano de 1672 pelo morgado Jerónimo de Atouguia Bettencourt e sua esposa, D. Catarina Espranger. Em 1762, foi reedificada pelo padre Francisco Nicolau de Brito. O templo está classificado pelo Governo Regional como Monumento de Interesse Público desde 2007, “pelo seu relevante valor e interesse cultural devido ao seu testemunho simbólico ou religioso e que muito reflecte do ponto de vista da memória colectiva”, lemos no despacho da altura.
Este templo é mais conhecido da população pela festa em honra de Nossa Senhora do Bom Despacho, no último fim-de-semana de Setembro, altura em que a capela é toda ‘revestida’ de açucenas. A apanha das flores é feita pela população que, ainda de madrugada, vai até à serra da Quinta Grande proceder à sua colheita, trazendo-as, depois, em cortejo, pela Estrada da Vera Cuz até ao referido templo.
Ao longo do percurso são entoados cânticos típicos, sobretudo pelos mais velhos. Este é um momento muito apreciado não só pelos paroquianos do Campanário, mas também por todos os madeirenses e turistas.