Foi há pouco mais de sete anos que a Junta de Freguesia de São Roque do Faial procedeu à primeira limpeza do trilho que liga o sítio do Lombo Grande à madre da Levada do Castelejo, na freguesia do Porto da Cruz.
O percurso que se desenvolve ao longo de uma antiga vereda que desce a encosta há largos anos que não era utilizado. Por iniciativa daquela junta de freguesia, com o incentivo da população local, o acesso foi desmatado e alvo de melhoramentos, o que, em 2011, desencadeou uma candidatura da Câmara Municipal de Santana ao PRODERAM para reabilitar esta passagem, melhorar o piso e colocar guardas e varandins nas zonas mais expostas e perigosas. E mesmo depois da degradação causada por algumas intempéries, a Junta e a Câmara têm procedido à regularização da vereda.
Na opinião de Gonçalo Jardim, presidente da Junta de Freguesia de São Roque do Faial, é muito importante que este percurso passe a figurar da lista de Percursos Recomendados (PR) da Região. Pois, no entender do autarca, só assim estarão reunidas todas as condições para que esta freguesia do concelho de Santana possa ser uma das escolhas dos turistas que procuram a Madeira para os passeios a pé. E esta reivindicação ganha nova dinâmica muito por força da aposta que tem sido feita por entidades privadas no alojamento local na freguesia e à procura crescente de turistas por estas unidades. “São estes turistas e os próprios madeirenses que nos visitam que podem dinamizar um pouco a nossa economia local, permitindo que se mantenham abertos alguns estabelecimentos na freguesia e assegurando alguns postos de trabalho”, sentenceia.
Na génese desta inclusão na lista de PR’s está a associação deste trilho ao percurso que acompanha a Levada do Castelejo, na freguesia do Porto da Cruz, na secção entre o sítio da Terra Baptista e a origem da levada, no Ribeiro Frio. Esta junção de sinergias é benéfica para ambas e acaba por criar novos atractivos para turistas e locais.
A população local é unânime em afirmar a beleza ímpar do percurso. E até Manuel Filipe não tem dúvidas de que “este percurso possui inúmeras potencialidades e condições para ser considerado um PR”. E, sobre a sua homologação, o Presidente do Conselho Directivo do Instituto das Florestas e da Conservação da Natureza (IFCN) adianta que a “Comissão dos Percursos Pedestres Recomendados já se reuniu para deliberar sobre um pedido que incidia neste percurso, e até já se pronunciou positivamente sobre o mesmo”, diz-nos, “ficando, na altura, apenas condicionado à realização de pequenas obras que se encontravam em falta”. Dessas obras fazem parte a colocação de varandins nas zonas mais expostas da Levada do Castelejo e o melhoramento de alguns troços da vereda que acompanha o canal ainda muito utilizado na agricultura. Do lado de São Roque do Faial, fruto das intervenções já feitas, está tudo operacional, faltando apenas a sinalética e, eventualmente, uma monda.
O responsável máximo do IFCN reconhece que o processo não tem sido fácil, pois “sempre que a recuperação está finalizada há sempre um fenómeno atmosférico que danifica o percurso”, esclarece-nos. Primeiro foi em São Roque do Faial uma queda de chuva abrupta que danificou consideravelmente o percurso e inclusive a ponte sobre a ribeira desapareceu, e depois foi o fenómeno sobre o Porto da Cruz que danificou imenso o percurso da Levada do Castelejo. “Estes fenómenos obrigaram a reparações e intervenções profundas”, salienta, muitas vezes demoradas e que exigem um investimento considerável.
A esse respeito, Ricardo Franco, faz notar que a Câmara Municipal de Machico já esteve várias vezes no terreno, tendo, inclusive, algumas das intervenções sido feitas com apoios comunitários através do quadro em vigor em 2011. Neste momento, o presidente da Câmara Municipal de Machico prevê que até ao Verão todas as melhorias estejam no terreno e que até ao final do ano a homologação como PR seja uma realidade.
Manuel Filipe relembra que “as condições para passar a PR mantêm-se e desde que ultrapassadas as devidas reparações, a homologação é quase imediata”.