Gilberto Garrido
Gilberto Garrido
O cultivo do pêro neste momento, como no passado, quase que pode ser considerado de biológico. Tenho a impressão, embora reconheço poder estar errado, que os agricultores não dão ‘toda’ a atenção durante o ano à árvore e à fruta.
Nasce quase que naturalmente no fundo ou cabeceiras dos ‘aposentos’, tendo ainda a vantagem de proteger as plantações dos ventos de Inverno.
Tratamento:
Como referi atrás os peros não levam grandes tratamentos. O baixo preço de comercialização não motiva aos agricultores a investir tempo e tratamento nas árvores.
Venda:
Há pouco tempo os peros rajados, como as cenouras, as cebolas eram comprados na terra em Dezembro, Janeiro pelos comerciantes, intermediários, muitos do Estreito de Câmara de Lobos. Davam algum dinheiro de sinal, pagando o restante na altura da colheita, e a ‘novidade’, muitas vezes ficava entregue à sua ‘sorte’. Acrescente-se que o preço de comercialização, vendido a ‘olho’, pouco tinha a ver com o preço que recebia o agricultor
Apanha e transporte:
Os peros, quando começavam a luzir, eram varejados e transportados em cestos ou em caixas e despejados para as carroçarias das furgonetas ou ‘meios carros’ e trazidos para a ‘Cidade’. A fruta sofre muito neste processo, logo, é normal ser colocado à venda com manchas e geralmente se degradar com rapidez. Naturalmente que condenados todo este processo de apanha e transporte da fruta. Achamos que quem de direito, devia motivar estes comerciantes ás boas práticas nesta tarefa.
Lamentamos também que, algumas vezes estes comerciantes, depois de considerarem satisfatórios os lucros da comercialização, abandonem muita fruta nas árvores, especialmente quando, por aumento de oferta, o preço da fruta baixa um pouco.
Acomodação:
Não tenho ideia de ver o pêro da Ponta do Pargo ser separado pelo tamanho antes de ser colocado à venda. Costuma ir à ‘balda’, logo a sua duração tem que ser reduzida. É pena que assim seja. Urge intervir para que este comportamento não se perpetue e repita.
Comercialização:
Não é normal encontrar peros da Ponta do Pargo nos supermercados. Aparecem nos Mercado do Funchal e pouco mais. Na altura alta da produção é vulgar encontrar alguns produtores na Ponta do Pargo, sítios do Amparo e Lombo, e na Fajã da Ovelha a vender o seu produto.
A Festa do Pêro e também o momento de ouro para a sua comercialização nas Barracas feitas na dita Festa.
De referir que o preço praticado nos Mercados não tem nada a ver com o valor pago aos comerciantes.
Garantia de preço mínimo e incentivos para os agricultores.
Achámos que para o agricultor dar mais atenção à sua produção de fruta devia haver a garantia de um preço mínimo, de modo que à partida, este tivesse a certeza que valia a pena dar atenção à fruta.
Achámos ainda que os serviços do GR têm que fazer os agricultores acreditarem, mostrando os bons exemplos existentes na freguesia e não só, que é possível ser compensado economicamente atrás da dedicação a esta fruta tão emblemática da freguesia.
Os agricultores, agora que têm acesso aos Mercados Abastecedores deveriam mudar os seus hábitos e serem incentivados a introduzir a sua fruta neste processo de comercialização que só lhes facilitaria a vida e certamente seriam mais compensados.
Festa do Pêro:
A Festa do Pêro é o momento de ouro para a comercialização do pêro e das verduras da freguesia da Ponta do Pargo e também da Fajã da Ovelha.
A data da Festa tem que ter em atenção a maturação da fruta, situação que, por razões de agenda, nem sempre acontece. Julgámos também ser importante não marcar a Festa para o mesmo dia da Festa do Caniçal.
Venda da fruta para fazer Sidra nos Prazeres:
É muito positiva esta nova possibilidade que a Quinta Pedagógica oferece aos nossos agricultores.
De qualquer modo, gostaria de sugerir o seguinte:
· A fruta só devia ser recolhida depois da Festa do Pêro, dando a possibilidade aos agricultores de conseguirem um melhor proveito económico, vendendo os peros na Festa e
· A fruta devia ser apanhada a mão e separada pelo tamanho.
A mim fez-me muita impressão ver os peros grandes misturados com os pequenos em sacas amontoadas à beira do lagar. Achámos que os peros grandes devem ser comprados a melhor preço aos agricultores e vendidos para os Supermercados, os peros mais pequenos vendidos mais baratos e usados, esses sim, para fazer Sidra.