Os agricultores da freguesia da Ponta do Pargo e arredores já sentem a grande falta da realização da Festa do Pêro que permitia o escoamento de uma grande parte do produto, uma vez que aquele evento trazia muita gente.Todosos anos, em meados de Setembro, a Ponta do Pargo tinha uma outra dinâmica e a economia local e familiar ganhava outra vitalidade. Era assim que muitos dos produtores de pêro da zona oeste desenvolviam a sua actividade comercial com a venda dos produtos agrícolas, mas com um especial destaque para o ‘rei’ da festa. Contudo, este ano, devido à pandemia tudo foi bem diferente. A 36.ª edição do certame não se realizou e os produtores fazem já críticas porque não conseguem vender os pêros. A única hipótese que tiveram foi pedir ao padre Rui Sousa que os adquirisse para a Sidraria. A Quinta Pedagógica dos Prazeres tem sido a salvação para muitos agricultores daquela localidade.
José́ Luís de Sousa de 67 anos vive na Lombada dos Marinheiros e disse ao DIÁRIO que em média produz mil quilos de pêros e maçãs por ano. Adiantou que desde o início que participa na Festa do Pêro. “Há́ 36 anos e só́ falhei uma vez”, observa. “Quando havia o evento sempre entrava um dinheirinho nas casas das famílias pois tínhamos uma barraca onde se vendia bastante os pêros, as maçãs e outros produtos agrícolas. Esta festa fazia um grande bem às pessoas da Ponta do Pargo e da Fajã da Ovelha, até a gente via outros agricultores ao longo da estrada a vender os pêros e este ano não houve a festa por causa da pandemia”.
Segundo os dados do Governo Regional relativamente à área da cultura da macieira e do pereiro na Madeira atinge cerca de 160 hectares. A produção de 2019 garantiu 2.328 toneladas sendo 1,454 toneladas de maçãs de variedades temperadas e 874 toneladas de maçãs/pêros de variedades regionais. Os Serviços da Direcção Regional de Agricultura realizaram acções em 7.962 macieiras (+ 71% do que em 2018) nas várias zonas produtoras, e 140 operações de enxertia.
Também foram distribuídos aos agricultores 1.195 plantas de macieira/pereiro, num total regional de 2.775, ou seja 43% do total regional declarado. O Governo Regional resolveu investir na construção de uma rede de sidrarias colectivas.
O projecto prevê, para além das quatro sidrarias, um laboratório de análises, um género de uma Sidraria Central, a instalar no Centro de Proteção e Desenvolvimento Agrícola, na Camacha (ex-Biofábrica), a qual, além de conferir o necessário apoio laboratorial às sidrarias locais, disporá de equipamento mais evoluído para produzir sidras naturais mais elaboradas. A organização e funcionamento das sidrarias é da responsabilidade da Direcção Regional de Agricultura, com um técnico especializado na área sidrícola, que fará todo o controlo de produção, moagem, tratamento, embalamento e engarrafamento, ficando o produtor responsável por toda a comercialização. A primeira sidraria foi inaugurada no final do mês de Janeiro, em Santo António da Serra e estão a ser construídas mais três sidrarias; Prazeres, Jardim da Serra e São Roque do Faial.
Números:
Produtores: 360
Produção Regional de Sidra (2019): 343 mil litros.
Valor de mercado aproximado: 1,7 milhões de euros
Com Eugénio Perregil