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Consultório na ‘Côrte do Norte’ facilita acesso à saúde
24 Julho, 2024

Ponta Delgada suspira por mais juventude

28 Julho às 7:30

Além de obras de segurança de escarpas, quase nada falta à freguesia, excepto gente jovem

Fotos e vídeo Helder Santos/Aspress

Quem chega ou passa por Ponta Delgada nota algo comum a muitas outras freguesias fora dos grandes centros da Madeira, a pacatez, a falta de gente nas ruas, e os que se vêm são quase sempre idosos. Ponta Delgada tem vivido ao sabor do tempo, mas também da perda de população, tendo sido a quarta freguesia que mais gente perdeu entre os últimos dois Censos (2011 e 2021), mais precisamente quase um quarto (-23,5%) da sua gente. Por outro lado, é de notar que com pouco mais de 1.043 habitantes registados há 4 anos, a freguesia conta com 1.253 eleitores inscritos. Em 2011, a freguesia tinha 1.363 habitantes, mas até poderá ter ganho alguns nos últimos dois a 3 anos, à custa do turismo residencial.

Apesar de, em 2021, Ponta Delgada ser a freguesia com menor número de edifícios com necessidade de reparação média ou profunda, apenas 0,8%, a verdade é que nos últimos anos e quem visita a localidade actualmente, nota o crescimento exponencial da construção de novas ou renovadas habitações e uma impressionante visibilidade de alojamentos locais. E é com base nesse turismo, inclusive novos residentes (não aqueles que ficam por pouco tempo), que a freguesia cresce da sua orla marítima agreste para a serra e as suas três lombadas, zonas que, apesar de melhorias nos acessos depois do temporal do Dia de Natal de 2020, continuam a sofrer com o temor de derrocadas.

Sendo a terra do mais que provável futuro presidente da Câmara, Fernando Góis, candidato do PSD, leva a que quem olhe para as eleições de dia 12 de Outubro como uma oportunidade de Ponta Delgada ter aquilo que tem faltado. A resolução desses pormenores, que podem ser ‘pormaiores’, como se viu há quase cinco anos quando o clima aperta, mas também para trazer mais dinâmica, mais vida, mais juventude.

Encontramos duas residentes, Lurdes Fernandes e Maria dos Anjos, em amena cavaqueira e passeio matinal. Duas utentes do Lar de idosos e centro de dia de Ponta Delgada, uma é frequentadora do centro de dia, outra do lar, uma com prazer enorme das horas que passa com gente da sua geração, outra ali colocada contra sua vontade. Uma é filha de emigrantes na Venezuela e a viver velhice na terra dos pais, outra a viver fora da sua terra, Funchal, porque não tem mais onde morar nem lugar noutro lar. A verdade é que, factualmente, uma será eleitora no Funchal e outra em Ponta Delgada, mas só no dia 12 se saberá em quem vão votar.

“Estou há seis meses aqui” e o que “mais noto é que há aqui muito turista, passam muito por cá”, diz, sentada no largo da igreja. “Eles gostam muito disto, mas eu não, preferia estar em casa, ou pelo menos no Funchal”, conta, com mágoa a situação que a levou a ficar sem tecto. Foi expulsa pelos enteados, depois da morte do companheiro. “Não tenho pensão de reforma que dê para pagar uma casa para mim, nem um quarto sequer, e nem aqui em Ponta Delgada se encontro um lugar que pudesse viver sozinha, como queria. Ainda conseguia. Tenho saudades da minha vida”, lamenta Maria dos Anjos.

“Gosto muito de Ponta Delgada, está muito lindo, é uma terra boa de se viver e está a desenvolver-se bem”, conta, ela que nasceu na Venezuela mas desde há 20 anos mudou-se para cá e de cá nunca mais quer sair. “O meu pai dizia que isto era lindo e de facto, mesmo que não se veja muita juventude, como na Venezuela, é uma terra de paz e sossego”, garante Lurdes Fernandes.

Utentes, como referimos, de um espaço que está a sofrer obras de remodelação e ampliação, garantindo mais lugares para idosos, sabendo-se da falta de lugares, mas quando “mais se precisa é de gente jovem para trabalhar a terra”, lamenta. “Já ninguém quer trabalhar na agricultura, vão todos para o turismo”. Esse é outro problema, apesar das vantagens de trazer mais rendimentos, a verdade é que o abandono de terras é notório. “Quem cuida são os velhos”, atira Lurdes Fernandes. Também diz que as estradas estão boas, sobretudo comparadas com a Venezuela. “Ao menos o governo aqui faz coisas”, elogia, conhecedora de outra realidade.

Aos 60 anos, sabe o que está a falar. A amiga, com mais experiência, aos 74 anos, trabalhou no hospital, em restaurantes e em casas particulares, salienta que “Funchal é diferente disto, aqui vive-se com calma, não há jovens, muitos emigraram, mas o que se espera é que ao menos haja um futuro”, diz. “Isto aqui é ouro”, atira a companheira de passeio, que já só vê de um olho. E lá continuaram, cada uma com a sua bengala, as duas amparando-se pelo caminho de volta ao lar.

Num dia lindo, apesar da ameaça de chuva, a pacatez da zona foi interrompida por uma motosserra que servia para cortar uma palmeira. A conversa, por boa que estivesse a ser, tornou-se quase impossível. Seguimos adiante à procura de mais residentes. Encontramos poucos e os que abordamos, apesar de falarem, optaram por pedir o anonimato ou para não os identificarmos. Um problema que persiste, sobretudo quando toca a falar de política.

Mesmo assim, ficam algumas ideias. José Miguel Freitas Luís, presidente da Junta, que também não se recandidata por limitação de mandatos, será substituído por uma nova cara. A população com quem falamos só quer ver resolvidos os problemas mais urgentes, nem que tenha de se começar pela junta, passando pela câmara e chegando ao governo. “os turistas andam por aí, os residentes esconderam-se”, atira uma residente que há décadas trabalha na freguesia. “As pessoas vivem aqui, mas a maioria trabalha fora. Mas o que se anda a reclamar muito aqui é a necessidade de ser feita a proteção da costa marítima”, acrescenta.

A erosão da costa preocupa (as fotos que publicamos provam parte dessa realidade), nomeadamente na zona do Tanque, junto à promenade, mas também no caminho para as Lombadas, logo acima do restaurante ‘As Pedras’, é uma zona onde cai muitas pedras e que faz ligação a muitas pessoas nas três lombadas. Uma informação frisada por mais do que uma pessoa. “A segurança das pessoas está em causa, as entidades têm conhecimento disso, mas precisam fazer alguma coisa, mesmo porque o senhor presidente do governo tem para ali uma casa”, atira outro.

“Esperamos que parem de remediar e façam obras que ajudem as pessoas e resolvam a segurança”, refere outro. “Até a piscina municipal não inspira cuidados. Há gente daqui que não vai lá há anos, porque não confia naquela água. É triste”, conclui. Pequenos, como referimos, pormaiores que fariam desta pequena vila, antigamente casa da ‘Corte do Norte’, de gente nobre, que olha o futuro com apreensão, mas com a pacatez necessária.

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Francisco José Cardoso
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