Sónia Gonçalves
Há 24 anos, no dia 4 de julho de 1996, o Jardim da Serra elevou-se a freguesia, a mais recente da Região Autónoma da Madeira.
Estamos de parabéns!
A desanexação à freguesia do Estreito de Câmara de Lobos orgulha-nos e as comemorações repetem-se todos os anos, ainda que por vezes tímidas.
Desta feita, devido às circunstâncias que vivemos, estas foram ainda mais discretas.
Ainda assim, não podemos deixar de destacar o que representou esta promoção para todos os seus fregueses, que tanto ansiaram por esta denominação em prol de mais desenvolvimento.
De facto, quase um quarto de século depois, a diversificação de alguns serviços ao nível local e a melhoria do bem-estar da população são uma realidade. Falta-nos, entre outras coisas, o tão ansiado melhoramento das acessibilidades.
Em 1994, o Professor e Historiador Dr. Manuel Neto entregou a proposta de desanexação e, dois anos mais tarde, esta foi aceite.
Lembro-me perfeitamente do movimento cívico que se originou na altura em torno desta causa, da união do povo, de ter comemorado no adro da igreja e de pensar, como todos, que o Senhor Professor seria o melhor Presidente!
Estava na minha adolescência e pouco ou nada percebia de Política, mas tinha consciência da importância de lutar para conseguir concretizar um objetivo que dominava as conversas da população à saída das missas.
Não foi nada do que sonhei, mas a Junta de Freguesia ganhou no imediato uma sede, instalou-se uma central de multibanco e surgiu algum comércio nas Corticeiras.
Tinha chegado há poucos anos de Caracas. Vivia numa cidade metropolitana, a poucos passos de um gigante centro comercial. Duas vias com dois sentidos cada separavam os prédios cheios de comércio no rés-do-chão. Farmácia, centro de saúde, seguradoras, cafés, inúmeras lojas e uma variedade de outros serviços à porta contrastavam com a pacatez do Jardim da Serra.
Um pouco ignorante, na altura, imaginei que a ascensão a freguesia iria converter-nos numa cidade semelhante à que tinha deixado na Venezuela.
Não foi nada do que sonhei, mas a Junta de Freguesia ganhou no imediato uma sede, instalou-se uma central de multibanco e surgiu algum comércio nas Corticeiras.
Logo de seguida, construiu-se de raiz um edifício polivalente onde hoje funcionam Junta, Centro Cívico, Centro de Saúde, Casa do Povo e Segurança Social.
A escola foi renovada e a Quinta do Jardim do Serra recuperada, convertendo-se num hotel de excelência. Também na Quinta Leonor funciona o Centro de Desenvolvimento e Investigação Sociocultural e Agroflorestal.
O progresso é evidente, havendo potencial para muito mais.
Parabéns a todos os que contribuíram e contribuem para que este jardim na serra se destaque, oferecendo condições condignas para a sua população e os seus visitantes.
