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Os sons de abril

23 Abril, 2018 às 14:50

Beto Martins

É assim todos os anos, inverno após inverno, ciclicamente, a vida renasce. Quem passa por estas encostas de São Roque do Faial apercebe-se disso. Os tons acastanhados e os cinzentos deram lugar a todas as outras cores da paleta e os órgãos dos sentidos são despertados pelas inúmeras transformações que, entretanto, emergiram a cada curva, a cada barranco, a cada pico e, até, em cada transeunte habitual por estes lados.

A cada dia a vida se renova e recria. Às vezes espontaneamente, outras pela agilidade das mãos humanas. É admirável ver grupos de agricultores, uns maiores que outros, que se dispõem pelas terras. Com a força dos seus corpos e, sobretudo, com a força da esperança, plantam pequenas sementes que em abril despontam e mais tarde darão vida a tantos.

Os sons da vida por cá vão ecoando assim bem baixinho no germinar das sementes e no brotar das árvores. Assumem depois outros tons pelo chilrear dos pássaros, nos murmúrios do vento ou nos assobios das árvores e, em abril, depois da Páscoa, a sinfonia vai se completando e culmina com os sons das tradicionais visitas do Espírito Santo.

Estas, com cariz fortemente religioso assumem as particularidades próprias de cada localidade, mas o seu fundamento é comum e encerra-se na devoção ao Espírito Santo, que por cá é muito antiga. De acordo com os historiadores, foi implementada aquando da povoação da Madeira e do Porto Santo.

A passagem pelas casas é preparada com meticulosa dedicação por todos, com dias ou semanas de antecedência. É o dia em que a família e os amigos se reúnem e comemoram. São os arranjos florais, o pão de casa, os bolos, os salgadinhos, os doces, as bebidas, tudo cuidadosamente preparado para receber bem.

Desde então tem sido contínua a sua comemoração, assumindo por vezes caraterísticas específicas entre as diversas paróquias. Em São Roque do Faial, o grupo que leva as insígnias do Espírito Santo é, normalmente, constituído por quatro homens com opas encarnadas, em que dois levam as bandeiras vermelhas com os símbolos do Espírito Santo, outro leva um crucifixo e outro a salva onde são colocadas as ofertas, generosamente, apresentadas pelas pessoas. Além destes quatro homens, fazem parte do grupo um ou dois acólitos, dois músicos e as duas saloias, que com as suas vozes transmitem a alegria de Jesus Ressuscitado a cada família visitada. É neste aspeto que reside a verdadeira essência da festa do Espírito Santo ou da “corrida” do Espírito Santo, como também é conhecida. A missão deste grupo, no que diz respeito à parte espiritual e religiosa passa então por anunciar pelas casas e pelas famílias visitadas que Cristo ressuscitou e apelar para que volvam os seus olhares e a sua escuta não só para Deus mas, especialmente, para as pessoas que vivem ao lado. Para aquelas que por um motivo ou outro sofrem e a ignóbil sociedade em que vivem por vezes despreza ou não atenta às suas fragilidades e necessidades.

A passagem pelas casas é preparada com meticulosa dedicação por todos, com dias ou semanas de antecedência. É o dia em que a família e os amigos se reúnem e comemoram. São os arranjos florais, o pão de casa, os bolos, os salgadinhos, os doces, as bebidas, tudo cuidadosamente preparado para receber bem. É indiscritível a alegria dos pais que esperam os filhos, dos avós que esperam os netos, dos amigos que se esperam. Ouvem-se foguetes de “cabeço em cabeço” e os sons dos instrumentos dos acompanhantes das insígnias do Espírito Santo. Ouvem-se choros de saudades, palavras de conforto e sorrisos animados. Quanta vida comportam as emoções que se geram em cada pessoa e em cada família neste dia?

Os sons alegres destas visitas transformam as veredas, as casas e as pessoas. Por cá, tal como antigamente, os domingos são preenchidos de cores, cheiros e sabores que nos enchem e nos completam como seres humanos. E assim, ao som de abril, a vida renasce e se anima.

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