António João Gonçalves
António João Gonçalves
Há dias, sozinho, ao fazer uma caminhada para “manter a forma” pelo caminho que vai dar à capela da Esperança, dei por mim a me lembrar de umas conversas que em tempos tive com um grande amigo que já partiu deste mundo acerca das potencialidades desse local e de outros que a freguesia dispõe.
Apesar de não estarmos sempre de acordo com o que se ia fazendo pela nossa freguesia, o respeito mútuo a cordialidade e a grande amizade que tínhamos um pelo outro, permitia-nos, mesmo que em “campos” diferentes, trocássemos ideias e visionássemos “coisas” diferentes e que se achava importantes e de futuro para São Roque. “Coisas” para pessoas, para atrair pessoas e para dinamizar economicamente a freguesia.
De entre o muito que se falava, desde as recuperações de fontanários, da recuperação de lugares religiosos que existem abandonados pela freguesia, como as ruinas da capela nossa Senhora da Esperança (em tempos ainda se avançou com estudos arqueológicos que pouco ou nada passaram senão de umas escavações-buracos- que por lá fizeram) da capela de Nossa Senhora do Rosário (agora bem à vista de todos o estado adiantado de degradação em que se encontra e que parece pouco incomodar a quem poderia por esta algo fazer) de festas da freguesia, de eventuais eventos que poderiam ser realizados em lugares da freguesia, de caminhos feitos e dos ainda necessários à mesma, das veredas e levadas que me levavam a mim e a tantos ao poço das Laranjeiras, das Ramelas, da Senhora, da Esperança ou do Soito, em tempos as piscinas de muita juventude.
A nossa conversa levava-nos muitas vezes ao sonho de um dia podermos ver juntos as ditas capelas recuperadas, algumas das veredas e levadas que levavam a poços e poças e a zonas da ribeira que antigamente as senhoras usavam para lavar roupa recuperadas e preservadas, sobretudo as que possibilitavam aos caminhantes terem uma bela vista sobre a freguesia e o Funchal e às que poderiam, passando por alguns dos referidos poços e poças, encaminhar quem por lá passeasse a um lugar de eleição de São Roque, o Montado da Esperança.
Sobre este lugar, que falávamos sempre demoradamente e com paixão, a conversa era sempre sobre a potencialidade que este tem e oferece para se tornar numa zona de lazer a fregueses e forasteiros. Pensávamos eu e o meu amigo ser este o futuro da zona da Esperança. Uma zona de lazer equipada com todas as condições para quem lá fosse usufruir do espaço, onde se incluía mesas, zonas de churrascos e instalações sanitárias. A própria zona de acesso, achava ele e eu, deveria ser promovida como zona de manutenção física, hoje tão na moda e aconselhada por tantos “agentes de saúde” quer para novos quer para menos novos.
Algumas vezes já se ouviu falar desta possibilidade, mas infelizmente, lá vão anos a fio que o local tem servido somente para realizar a festa de Nossa Senhora da Alegria, o que o leva a ser “arranjado” meses antes desta acontecer para receber as romarias de pessoas e políticos que lá vão e nos dias seguintes ser logo esquecido e não passar disto mesmo. Lugar usado num fim-de- semana anual para uma festa e daí não passar. Pensa-se que a ideia continua no “ar”. Mais recentemente numa actividade em que participei de ajuda à reflorestação na zona sobranceira ao Montado da Esperança, uma ideia nova foi falada para a zona, que acho importante e nunca tinha vindo à conversa com esse meu amigo. Resumia-se em criar um grande espaço verde que se transformasse numa montra (mostra) da Floresta Laurissilva da ilha da Madeira. Será?…
Uma coisa é certa, com vontade, São Roque na verdade tem ainda potencialidades a explorar, e tudo para ter mais do que já possui.